Decisão pode gerar demissão de 400 funcionários e atinge também outros equipamentos culturais, como a Cinemateca de São Paulo
Apoiador de Bolsonaro, o ator e diretor Carlos Vereza saiu desolado, na tarde da última sexta-feira (10), de uma reunião com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em Brasília, de quem recebeu a notícia de que o MEC não renovará mesmo o contrato com a Associação de Comunicação Roquette Pinto, a Acerp, responsável pela gestão da TV Escola desde a fundação em 1996.
Vereza foi convidado pelo próprio Weintraub para participar da reunião. “Fiz questão de pagar meu voo e meu hotel. Fiz de tudo para convencê-lo mas só ouvi argumentos burocráticos para acabar com uma TV de baixo custo”, contou o ator, que está morando em São Paulo por conta do programa Plano Sequência, no canal público. “Foi dito que o sinal (da TV) seria mantido pelo menos até acabar meu programa. Falta exibir 21 entrevistas. Mas eu, sinceramente, não sei mais”, completou, desolado.
Segundo Vereza, o ministro alegou que o canal custaria, em cinco anos, ao Governo Bolsonaro, R$ 400 milhões. “Não sei se é verdade, mas pelo que sei o custo hoje é 0,06% do orçamento do MEC”. Vereza telefonou imediatamente ao diretor da Acerp, Francisco Campera, pedindo números.
A decisão pode gerar a demissão de cerca de 400 funcionários. E atinge também outros equipamentos culturais, como a Cinemateca, em São Paulo.
Eleitor de Bolsonaro, Vereza disse à coluna que chegou a lembrar do seu apoio ao presidente na reunião. “Falei: Cara, vocês acham que a TV Escola é de esquerda? Então o que é que eu estou fazendo lá? Justo eu que fui ao hospital gravar um vídeo de apoio ao Bolsonaro (após a facada)”. Antes desse episódio, o ator já havia recebido o então candidato Jair Bolsonaro em sua residência, no Rio.
Vereza afirmou que o ministro “foi muito gentil” na reunião, mas disse estar “entristecido” com o presidente Bolsonaro pois, segundo ele, seu governo “não tem investimento nenhum em Cultura”. Votaria nele de novo? “Eu teria que pensar muito. Muito!”. No final de 2019 o ator chegou a afirmar que não manteria seu apoio ao atual presidente, Jair Bolsonaro.
Procurado pela coluna, Francisco Campera, da Acerp, não quis comentar. Aguarda uma audiência com o ministro da Educação. Ao que apurou o blog, existe, porém, nos bastidores, otimismo com a viabilidade da TV Escola, por meio de outras portas semi-abertas no próprio governo.
Leia na íntegra: Estadão