Texto do portal Diário da Saúde foi escrito com informações de artigo científico
Quando a doença não irá causar sua morte
Pessoas com mais de 65 anos de idade com doença renal crônica (DRC) no estágio 4 são mais propensas a morrer de outras causas do que apresentar insuficiência renal.
Em outras palavras, mais pessoas morrem com DRC do que diretamente por causa da DRC.
O professor Matthew Jose e seus colegas do Hospital Real Hobart analisaram dados vinculados do estudo da Doença Renal Crônica da Tasmânia, que envolveu todos os adultos do país diagnosticados com a doença em estágio 4, entre 1º de janeiro de 2004 e 31 de dezembro de 2017.
O risco de morte aumentou com a idade, como seria de se esperar, mas o risco de morrer devido à insuficiência renal diminuiu com a idade.
“Três conclusões importantes podem ser tiradas do nosso estudo: Para pessoas com DRC em estágio 4, o risco de insuficiência renal em 5 anos diminui com a idade; o risco de morte é maior do que o de insuficiência renal para aqueles com mais de 65 anos de idade; e os riscos de morte e insuficiência renal para pessoas com mais de 65 anos são maiores para os homens do que para as mulheres.
“Pessoas com mais de 65 anos de idade com DRC em estágio 4 eram mais propensas a morrer do que apresentar insuficiência renal, sugerindo que mais pessoas morrem com DRC do que diretamente por causa da DRC,” escreveu a equipe.
Cuidados holísticos e de suporte
As terapias para a condição são bem definidos, com o gerenciamento da doença geralmente se concentrando na diálise ou no transplante, todos tratamentos contundentes e que reduzem a qualidade de vida do paciente, sobretudo quando já se trata de uma pessoa idosa. Terapias envolvendo cuidados de suporte (não diálise) ainda são muito menos definidas e, fundamentalmente, experimentais.
A conclusão dos especialistas é que os médicos, ao tratar de pacientes com doença renal crônica, devem levar em conta o risco de mortalidade em geral, sobretudo devido à idade, ao discutir as opções de tratamento para pacientes com mais de 65 anos de idade, porque a doença dificilmente levará à morte.
Atualmente, as diretrizes clínicas recomendam que os pacientes sejam encaminhados a especialistas em rim, a fim de se prepararem para diálise ou transplante.
Contudo, vários especialistas vêm alertando que muitos rins estão sendo removidos desnecessariamente.
Jose e seus colegas concluem seu artigo afirmando que suas descobertas mostraram que “as diretrizes clínicas devem reconhecer os riscos concorrentes de morte em idosos com doença renal grave e considerar cuidados holísticos e de suporte, não apenas a terapia de substituição renal.”
Fonte: Diário da Saúde