Professor Sérgio Fernando Torres de Freitas, do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva, defende o passaporte da vacina na retomada das atividades presenciais
Os números mais recentes disponíveis no Painel Ativo de Dados Epidemiológicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mostram que um em cada cinco servidores da instituição, incluindo professores e técnicos administrativos, optou por não se vacinar contra a covid-19. As informações são da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp/UFSC) e das Secretarias Municipais de Saúde, e os dados datam do fim de setembro de 2021. O professor Sérgio Fernando Torres de Freitas, membro da Comissão Permanente de Monitoramento Epidemiológico da UFSC e docente do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva, que repassou as informações à Apufsc, alerta para a taxa de vacinação entre os servidores.
Para ele, o dado é “extremamente preocupante, porque no retorno presencial às atividades esses servidores são potenciais candidatos a ficarem doentes, com as formas mais graves”.
Devido à aceleração dos casos de contágio pela covid-19, com a variante ômicron, a Administração Central da UFSC decidiu suspender por tempo indeterminado o avanço do retorno às atividades presenciais. No dia 10 de janeiro, deveriam voltar ao trabalho presencial, em todas as unidades administrativas e acadêmicas da UFSC, todos os servidores que não pertencem a nenhum grupo de risco. Com a suspensão, cada setor poderá continuar a executar os atuais planos de atividades.
Para os cursos de graduação e pós-graduação, está mantido o calendário acadêmico do ano letivo de 2022 aprovado pelo Conselho Universitário (CUn), com a retomada das aulas presenciais no início dos primeiros períodos letivos. Na graduação, o primeiro semestre de 2022 começa em 18 de abril e vai até 3 de agosto. Na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), o calendário referencial para os diferentes regimes prevê aulas a partir de 7 de março.
Já o Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) e o Colégio de Aplicação (CA) seguem calendário diferenciado e deverão iniciar em 10 de fevereiro a Fase 3 de enfrentamento à pandemia, com retomada plena das atividades presenciais.
Para o professor Sérgio Fernando Torres de Freitas, é importante que cuidados sejam tomados para prevenir a proliferação do vírus com o retorno das atividades presenciais. “Eu entendo que o passaporte da vacina é fundamental para a retomada do ensino presencial seguro”, defende Freitas. A UFSC ainda não se manifestou sobre a exigência do passaporte, que será cobrado em pelo menos 27 universidades federais em todo o país.
Vítimas atuais da covid são pessoas que não se vacinaram
O professor e membro da Comissão Permanente de Monitoramento Epidemiológico da UFSC também alerta para a importância da vacinação na prevenção aos casos mais graves da doença, e apresenta dados que revelam que as vítimas da covid-19, em 2022, são pessoas que não se vacinaram.
“Os dados nos mostram que com a ômicron, e com o nível de vacinação que nós temos, de cada 10 mil pessoas, morrem aproximadamente 150; dessas 150, 136 são não-vacinadas. Isso mostra o impacto da vacina. Dos 14 que estão vacinados, 12 têm mais de 70 anos de idade e todos têm comorbidades. Então, com a vacina, a doença se tornou mais branda, menos perigosa”, aponta Freitas.
O professor reforça a importância destas informações: “O Brasil é o país que mais vacina no mundo e nossa população é amplamente favorável às vacinas. Nos últimos anos, houve uma ideologização de muitos aspectos da vida brasileira, e as vacinas entraram nessa questão. Mas o que nos interessa é olhar para a realidade dos dados”.
Nota de esclarecimento do professor Sérgio Fernando Torres de Freitas:
“A primeira versão desta entrevista continha um dado cuja informação levaria os leitores a erro, ao afirmar que ‘1 em cada 5 servidores da UFSC optou por não se vacinar’. Este dado é correto, e está disponível na página da principal da universidade, mas reflete a realidade de 30/09/21. É importante perceber que, naquele momento, já havia mais de 30 dias de acesso as vacinas para os maiores de 18 anos de idade, mostrando que – de fato – era uma realidade a opção de não tomar a vacina.
No entanto, é possível que muitos tenham optado pela vacina depois daquela data. Como o acesso as informações que permitiriam atualizar os dados não estão mais disponíveis – inclusive pelo apagão de dados do Ministério da Saúde, ainda não completamente regularizado – não há como saber a real quantidade de vacinados atual. As demais informações daquele painel continuam sendo atualizadas semanalmente e são importante fonte de informação sobre a pandemia no estado.
Esclarecidos esses detalhes, reitero aqui a preocupação com o retorno presencial das atividades na UFSC, e continua entendendo que o passaporte vacinal é fundamental para um retorno seguro a essas atividades.
Por fim, gostaria de isentar tanto a Apufsc, cujas jornalistas reproduziram apenas o que afirmei, quanto a Comissão de Monitoramento de Dados Epidemiológicos da UFSC, do erro cometido.
Pelo exposto, pedi à Apufsc a correção da matéria e a publicação desta nota, em respeito à ciência, que não é exata, não tem respostas definitivas para nada, mas tem (ou deveria ter) um compromisso constante com a verdade.”
Imprensa Apufsc