Ethel Maciel defende escalonamento de turmas e fornecimento de testes de covid pelo governo, destaca o Estadão E-mais
Quase dois anos depois do início da pandemia, vivemos mais uma onda de aumento de infecções e internações pelo coronavírus, graças à variante Ômicron. Não sabemos se ela realmente é mais leve, mas sim que os vacinados estão respondendo melhor à doença. Embora o Brasil sofra um ‘apagão de dados’, já é notório que o número de doentes está escalando, assim como as internações. E com a volta às aulas previstas para essa semana em grande parte das escolas do país, teremos a circulação e aglomeração de crianças de 5 a 11 anos, que receberam apenas uma dose da vacina ou que ainda não estão vacinadas (tudo isso graças à inépcia do governo federal, que atrasou em 29 dias o início da imunização dessa faixa etária ao decidir fazer uma consulta pública sobre o assunto antes de comprar vacinas e, de quebra, promover uma campanha de descredibilização do imunizante tendo como garoto propaganda o próprio titular do Ministério da Saúde, o médico (!) Marcelo Queiroga).
Em seu perfil no Twitter, a enfermeira, infectologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, Ethel Maciel, defendeu que com as UTI´s pediátricas cada vez mais cheias, o ideal seria que o retorno às aulas começasse pelas turmas com alunos com mais de doze anos, que já tomaram as duas doses da vacina e ” aguardar até meados de fevereiro para avaliar a diminuição das infecções pela Ômicron, antes do retorno das crianças não vacinadas”. Ela conversou com o blog e defendeu, entre outras coisas, que as associações de escola e a sociedade civil lutem para que se tenham testes grátis de covid fornecidos pelo governo para uma política de testagem das escolas. “A gente já sabe que esses testes de saliva são muito fáceis de se fazer em crianças, eles têm uma aceitação grande e funcionam muito bem para a Ômicron. Essa ideia de ficar verificando a temperatura, principalmente como a gente está vendo em alguns algumas escolas, no pulso, não tem o menor sentido”, afirmou.
Blog: Você acha que é seguro essas crianças retornarem às escolas nesse cenário, considerando, claro, que o Brasil é um país gigante e com realidades diferentes?
Ethel: Então, a gente não pode dizer que há segurança, isso não há. Nós não investimos nesses ambientes e as escolas, como você mesma falou, são muito diferentes. É claro que algumas escolas, principalmente as que são frequentadas por uma população que tem mais condições econômicas, que fizeram algum investimento maior, mas mesmo assim foram pequenos esses investimentos. Nós não vimos, por exemplo, distribuição de máscara pff2 pra professores e eu quero destacar aqui o Rio de Janeiro, que teve uma iniciativa dessa no final do ano passado, mas são iniciativas isoladas.
Uma outra coisa que o Reino Unido fez muito bem é o monitoramento e a análise do esgoto da escola, algo que a gente poderia fazer aqui, diversas universidades no Brasil têm capacidade pra isso que a gente chama de ‘sentinela’. Quando a gente vê um aumento de vírus nos esgotos, nas águas que vão para as redes sanitárias no Brasil, a gente tem um sinalizador de que precisa atuar, precisa fazer testagem. Então essa também poderia ter sido uma estratégia. Não se fez nada disso, nós não temos como saber o que tá acontecendo.
Leia na íntegra: Estadão