37 servidores da autarquia responsável pelo exame pediram demissão a poucos dias da prova, mas presidente do órgão garante sua realização. Pouco mais de três milhões de candidatos confirmaram a inscrição, menor número desde 2005, afirma o El País
O maior vestibular do Brasil sofreu mais um baque na sua acidentada trajetória durante o Governo Bolsonaro. Desta vez, o golpe desferido contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem potencial para abalar a estrutura da realização da prova e colocar sob risco o futuro acadêmico de milhões de estudantes. Trinta e sete servidores do Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação e responsável pelo exame, pediram desligamento de seus cargos sob denúncias de assédio moral, desmonte de diretorias, acúmulo de trabalho e pressão. Entre eles estão Eduardo Carvalho Sousa, coordenador-geral de Exames para Certificação, e Hélio Júnio Rocha Morais, coordenador-geral de Logística da Aplicação.
“Considero gravíssima essa situação”, diz Maria Inês Fini, responsável pela criação e implementação do Enem, em 1998. “A atitude dos servidores é desesperada. Imagino que seja a postura mais digna e corajosa, porque os conheço e não são pessoas levianas. Estão se colocando em risco para garantir uma política pública. Se chegaram a este nível, foi por necessidade, para ver se a sociedade acorda e salva o Inep”, defende. “Sem os servidores no cargo, não teremos um Enem tranquilo”, atesta, destacando que “o Enem define a vida dos estudantes, dá vagas em universidades e condições para conceder bolsas de estudos”.
Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) disse acompanhar o caso das demissões “com muita preocupação” e pediu “maior atenção do MEC na condução das atividades do Inep.” A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também emitiu nota, em que destaca as “consequências danosas” que a instabilidade no Inep {sigla de Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) pode trazer para toda a sociedade. O caso já seria grave o bastante se fosse isolado, mas a verdade é que se soma a uma série de embates entre especialistas em educação, professores, servidores e membros do Governo de Jair Bolsonaro.
Leia na íntegra: El País