Após cortes, universidades federais reduzem auxílios a alunos vulneráveis e adiam retorno presencial

Como destaca Folha, verba para custeio de atividades e manutenção dos campi sofre redução de até 36%

Com cortes orçamentários de até 36% das verbas de custeio determinados pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), universidades federais vivem um cenário de estrangulamento, com a suspensão parcial de bolsas para alunos vulneráveis e impacto até em pesquisas para vacinas contra a Covid-19.

Parte das universidades, como as federais do Pará, do Acre, de Santa Maria (RS) e de São Carlos (SP), já temem não ter condições para retomar as aulas presenciais no segundo semestre deste ano.

O Ministério da Educação afirmou que se esforça para mitigar os efeitos das reduções orçamentárias impostas às universidades e recompor as verbas.

Os cortes sucessivos são registrados desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro. Professores tiveram que comprar camundongos com o próprio dinheiro para não interromper pesquisas, e universidades tiveram que cortar até o bife dos restaurantes universitários.​

Na UFSC

Na Federal de Santa Catarina, a verba destinada a investimentos era de R$ 56 milhões em 2015, caiu para R$ 5 milhões em 2020 e neste ano será de apenas R$ 2,9 milhões.

A universidade está com obras paralisadas e não conseguirá concluir as ampliações dos campi de Araranguá e Joinville, informa o secretário de Planejamento e Orçamento da UFSC, Fernando Richartz.

Ele faz parte do Departamento de Ciências Contábeis e conta que tem custeado as traduções juramentadas de artigos do próprio bolso.

“O que mais preocupa nessa crise é o impacto do desinvestimento em pesquisa de médio e longo prazo. Eu tenho medo do que nos aguarda nos próximos anos”, diz Richartz.

Fabíola Filippin Monteiro, subcoordenadora do Programa de Pós-graduação em Farmácia da UFSC, conta que ela e cerca de dez colegas fizeram uma vaquinha de R$ 1.200 para pagar o conserto de três aparelhos de ar-condicionado para o laboratório, porque não havia verba disponível para a manutenção.

Um deles é essencial para manter o funcionamento de equipamento de cromatografia avaliado em US$ 600 mil (pouco mais de R$ 3 milhões). Pela primeira vez em oito anos na universidade, ela está sem fomento depois de ter um projeto negado.

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