Reitoria cobra suplementação orçamentária que ocorreu em 2020, mostra Folha
A partir de julho, a UFRJ, uma das mais bem avaliadas universidades públicas do país, deve diminuir o número de atendimentos e a quantidade de leitos em suas unidades no Rio, e também reduzir as testagens para Covid-19.
Sem detalhar prazos e quantidades, a UFRJ informou que devem ser afetados os serviços de testagem para a Covid-19 e a pesquisa de duas vacinas contra a doença, ainda em fase de testes pré-clínicos. Também está prevista, se não houver reajuste no orçamento, a redução de leitos hospitalares e de atendimentos a pacientes.
Em entrevista nesta quarta-feira, 12, a reitora Denise Pires Carvalho afirmou que a universidade não tem meios de manter leitos hospitalares e continuar com as pesquisas que estão em desenvolvimento no momento. As atividades da graduação estão no modelo de ensino remoto, mas laboratórios de pesquisa e os hospitais da instituição continuam funcionando.
“Estamos aqui fazendo um apelo, em defesa de todas as instituições, para que nosso orçamento seja recomposto pelo menos aos patamares de 2020. Nossa conta de luz não é decorrente só das salas de aula. Como manter leitos abertos, como manter laboratórios funcionando, como manter o sonho da vacina brasileira sem que consigamos pagar nossa conta de luz, nossa conta de água?”, disse a reitora.
Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças afirma que a UFRJ está com um orçamento que corresponde a três meses de funcionamento e que espera aprovação do restante do valor. “Nós poderemos honrar nossos contratos até julho e dependeremos da capacidade financeira de nossos fornecedores de continuaram funcionando ou não.”
Dos R$ 299 milhões reservados para 2021, ainda de acordo com a UFRJ, R$ 152,2 milhões ainda dependem de suplementação no Congresso Nacional. E, desse valor, R$ 41,1 milhões foram bloqueados pelo governo federal. Atualmente a universidade está com um orçamento disponível de R$ 81,7 milhões, porém seu gasto mensal é de aproximadamente R$ 31 milhões.
Segundo a reitoria, desde 2012 foram realizados cortes sucessivos. Naquela época, a Universidade tinha R$ 773 milhões e desde então, o ciclo de subfinanciamento prosseguiu: em 2013 o orçamento caiu para R$ 735 milhões, com cortes sucessivos até chegar a R$ 299 milhões em 2021.
Em nota, o Ministério da Educação afirma que está promovendo ações junto ao Ministério da Economia para que as dotações sejam desbloqueadas e o orçamento seja disponibilizado em sua totalidade para a pasta. “Ressalte-se que não houve corte no orçamento das unidades por parte do Ministério da Educação. O que ocorreu foi o bloqueio de dotações orçamentárias para atendimento ao decreto. Na expectativa de uma evolução do cenário fiscal no segundo semestre, essas dotações poderão ser desbloqueadas e executadas.”
A UFRJ é a primeira instituição oficial de ensino superior do país, em atividade desde 1792 (começou como Escola Politécnica, a sétima escola de Engenharia do mundo e a mais antiga das Américas). Segundo o RUF (Ranking Universitário Folha), é a universidade mais inovadora do país.
A instituição tem em seu corpo social é composto mais de 65 mil estudantes (anualmente, 5.000 se formam na graduação e 2.600 dissertações e teses são produzidas), 4.000 docentes (sendo que 9 em cada 10 têm doutorado), 3.700 técnicos-administrativos atuantes nos hospitais da UFRJ e 5.600 nas demais unidades. A universidade conta com projetos de ponta nas áreas científica e cultural, além de ter sob seu escopo 9 hospitais universitários e unidades de saúde, 13 museus, 1.450 laboratórios, 45 bibliotecas e um parque tecnológico de 350 mil m2, com startups e empresas de protagonismo nacional e internacional.
Leia na íntegra: Folha de S. Paulo