“Estes profissionais e estudantes vêm trabalhado de forma presencial há um ano, lidando com material infeccioso contendo Sars-CoV-2”, afirma em documento da Sociedade Brasileira de Virologia
A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou na terça-feira (23) uma nota defendendo a vacinação em massa como principal alternativa para conter a propagação definitiva da pandemia do novo coronavírus.
Além disso, a entidade pediu a inclusão “explícita de cientistas, estudantes e outros profissionais envolvidos na geração de ciência relacionada ao vírus SARS-CoV-2 dentro de grupos prioritários para o recebimento da vacina contra COVID19”.
Leia a nota na íntegra:
A vacinação contra a COVID-19 é a principal alternativa, quiçá a única, para a contenção viável e definitiva da ameaça pandêmica causada pelo espalhamento do SARS-CoV-2. Medidas não farmacológicas como o distanciamento social, o impedimento de aglomerações e o uso sistemático de máscaras e antissépticos são absolutamente essenciais para frear os números absurdos de novos casos, doenças graves e óbitos, situação que vivemos no presente momento. No entanto, sabemos que para o retorno das pessoas às atividades presenciais com segurança, as vacinas são totalmente essenciais. Nesse ínterim, o Ministério da Saúde do Brasil lançou, em janeiro de 2021, o PLANO NACIONAL DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19. O plano contempla e descreve os grupos prioritários para vacinação escalonada, considerando que o número de doses disponíveis para vacinação ainda é restrito. Além das pessoas idosas e com comorbidades, profissionais em linhas de frente também foram incluídos em grupos prioritários. Por exemplo, trabalhadores de saúde foram incluídos no Grupo Prioritário 4, e trabalhadores da educação do ensino superior foram incluídos no Grupo Prioritário 20.
Lamentavelmente, profissionais da ciência (pesquisadores, estudantes de pós-graduação, técnicos de laboratórios, etc) e estudantes de graduação CONDUZINDO EXPERIMENTOS E PROJETOS ENVOLVENDO COVID19 foram largamente negligenciados no PLANO NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19. Estes profissionais e estudantes veem trabalhado de forma presencial há um ano, lidando com material infeccioso contendo SARS-CoV-2, seja no desenvolvimento de vacinas, no desenvolvimento de testes diagnósticos, na genotipagem viral, na caracterização de mecanismos associados à doença e em muitas outras ações absolutamente relevantes para o enfrentamento da epidemia.
A Sociedade Brasileira de Virologia parabeniza e se solidariza com estes incansáveis profissionais que veem se dedicando sem descanso, e muitas vezes em silêncio, ao longo de um ano, desde o início da pandemia. A exclusão de cientistas e estudantes que trabalham com ações de estudo e entendimento envolvendo a COVID19 ignora o esforço da ciência brasileira em contribuir para a luta global contra a epidemia.
A SBV é absolutamente favorável à aplicação do PLANO NACIONAL DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19; não obstante, a SBV também se posiciona fortemente a favor da inclusão explícita de cientistas, estudantes e outros profissionais envolvidos na geração de ciência relacionada ao vírus SARS-CoV-2 dentro de grupos prioritários para o recebimento da vacina contra COVID19.
Diretoria da Sociedade Brasileira de Virologia
23 de março de 2021
Fonte: SBV