‘Num momento como esse não dá para investir menos’, afirma diretor da instituição ao Globo
Na quarta-feira (3), a professora e coordenadora do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ, Leda Castilho, teve que fazer o orçamento de um equipamento para preservar as células que estuda. Com isenções fiscais concedidas às instituições de pesquisa, sairia por cerca de R$ 100 mil. Mas, com o corte anunciado pelo governo federal dos benefícios fiscais para importação de equipamentos de pesquisa, ele sairia por R$ 220 mil.
A pesquisa com células do laboratório da Coppe/UFRJ pode ser usada em muitas frentes. Pelo menos três delas na luta contra a Covid-19: na testagem, no desenvolvimento de um remédio e até numa potencial vacina.
— Sai a metade porque a universidade sempre foi isenta de pagar imposto de importação. Essa isenção vale para instituições cientíificas e tecnológicas, e 90% da ciência no Brasil é feita nas universidades públicas, então estão fazendo com que a ciência brasileira feita nessas instituições passe a pagar muito mais caro. Mas, como a verba é finita, o que vai acontecer é que não vamos adquirir os equipamentos, e pesquisas podem ser interrompidas — afirma Castilho.
Em meio à pandemia da Covid-19, o governo federal reduziu em 68,9% a cota de importação de equipamentos e insumos para pesquisas científicas. O corte também atinge a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan e pode impactar estudos sobre o novo coronavírus.
A cota de importação é um benefício fiscal definido todo ano pelo governo federal e, desde 2017, está em um patamar de US$ 300 milhões por ano. Em 2021, no entanto, o valor foi reduzido para US$ 93,3 milhões.
Como mostra o Globo, na quarta-feira, a Coppe emitiu uma nota de repúdio contra os cortes no orçamento para Ciência e Tecnologia e redução da cota de isenção fiscal.
Leia na íntegra: O Globo