Na maioria dos relatos, a explicação dada pelos fiscais seria a de que a sala já havia atingido a capacidade segura de distanciamento entre os candidatos para a realização do exame
A reitoria da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) se disse surpresa com o relato de candidatos do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que teriam sido barrados de fazer a prova na instituição, como indica matéria do UOL.
A universidade emprestou salas de aula para a realização do concurso neste domingo, 17, e informou que a decisão de definir nova data para a reaplicação do exame para parte dos candidatos foi uma decisão do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
A medida seria uma forma de evitar a lotação dos espaços, mas não teria sido informada aos concorrentes com antecedência, provocando diversas manifestações de insatisfação nas redes sociais. Na maioria dos relatos, a explicação dada pelos fiscais seria a de que a sala já havia atingido a capacidade segura de distanciamento entre os candidatos para a realização do exame.
Inep previu utilizar 80% do espaço das salas, diz UFSC
De acordo com o chefe de Gabinete da UFSC, professor Áureo Mafra de Moraes, o Inep procurou a universidade ainda no ano passado solicitando os espaços físicos da universidade em Florianópolis (SC), para fazer a prova. O pedido foi aceito sob a condição de que o órgão adotasse todas as medidas sanitárias possíveis para garantir a segurança dos candidatos, como a aferição de temperatura, disponibilização de álcool em gel, exigência de máscaras e limpeza das salas. A universidade, no entanto, não tem envolvimento com a realização do exame.
“Mais recentemente, quando soubemos que eles (organizadores da prova) estavam tentando otimizar o máximo possível o espaço das salas de aula, encaminhamos nova condicionante de que fosse respeitado o máximo de 40% da capacidade de pessoas nas salas, algo nos padrões recomendados pelas autoridades sanitárias. No entanto, no último dia 13 recebi a informação de que estava prevista a utilização de 80% da capacidade das salas”, conta Moraes.
Conforme o professor, a resposta foi de que se a capacidade das salas fosse reduzida demais seriam necessárias mais pessoas para aplicar a prova e o custo também seria mais alto. Além disso, segundo Áureo Mafra de Morais, os emissários do Inep informaram que historicamente 30% dos candidatos não comparecem no exame, o que – em tese – também reduziria a quantidade de pessoas em sala de aula.
“Observei que essa era uma aposta no imponderável, muito arriscada, uma vez que suspendemos até mesmo nosso vestibular pensando em não expor as pessoas a riscos de transmissão da Covid-19. Enviei ofício com essa preocupação e o Inep não informou o que faria a respeito, então a partir disso notificamos as secretarias de Saúde de Florianópolis e de Santa Catarina e também o Ministério Público informando de que haveria prova na UFSC, que emprestamos o espaço, mas que pedimos para ser usada 40% da capacidade das salas”, recorda Moraes.
A surpresa veio na manhã deste domingo, quando os estudantes começaram a questionar a universidade porque eles não estavam podendo entrar nos locais de prova. “Entrei em contato com os coordenadores dos espaços físicos onde iriam ocorrer as provas e todos disseram que representantes do Inep pediram para que as salas fossem remanejadas e onde, por exemplo, eram pensados inicialmente 30 alunos, havendo redução para 16 pessoas. Não sei qual o critério utilizado, o procedimento foi definido hoje pela manhã quando os candidatos já haviam saído de casa em direção à UFSC”, aponta.
Áureo Mafra de Moraes salienta que se a solicitação da universidade tivesse sido considerada até sexta-feira teria sido possível remanejar o número de salas e de pessoas em cada local da realização do exame. Em documentos da própria universidade é listada a locação de cerca de 145 salas de aula com capacidade para quase 2,5 mil candidatos, já considerada a redução de 60% de utilização do espaço.
O número é bem inferior ao que mostra outro documento da realizadora da prova ao qual o UOL teve acesso e que mostra que 4,5 mil pessoas estariam alocadas para fazer a prova na instituição. “A gente tem essa capacidade, só que eles (aparentemente) ignoraram os nossos documentos, não sei por qual razão e não vou julgar, e deixaram para fazer o ajuste de capacidade hoje. Os alunos não foram barrados na UFSC, foram barrados num local de prova do Enem que, por acaso, era na UFSC”, encerrou o chefe de gabinete.
Leia na íntegra: Uol