Preocupados com aglomerações, candidatos planejam usar até duas máscaras e não comer durante as provas
Eles estudaram de máscara dentro de casa, estão há meses sem ver os pais e deixaram de sair até mesmo para ir ao mercado. Com receio de perder os vestibulares por estarem contaminados com o coronavírus, estudantes adotaram medidas de isolamento mais rígidas nas últimas semanas.
Depois de terem sido adiados por causa da pandemia, os principais vestibulares do país acontecem agora no momento em que o país enfrenta uma escalada de casos e mortes pela Covid-19.
Em todos eles, o regulamento impede a participação de candidatos com sintomas ou suspeita da doença. No entanto, nos principais exames, como o Enem e Fuvest, não foi estabelecido nenhum mecanismo, como controle de temperatura dos inscritos, para evitar que pessoas infectadas acessem os locais de prova.
Por isso, estudantes, principalmente aqueles que vão fazer mais de um vestibular, temem ser infectados exatamente nos locais de prova. É o caso de Giovanna Cury, 18 anos, que tenta uma vaga em medicina e vai fazer 8 exames até o fim de janeiro.
Asmática, ela estava isolada em casa desde março, com saídas apenas para ir ao mercado. Mas, desde dezembro, quando fez vestibulares de faculdades particulares, passou a enfrentar situações de aglomeração.
“O momento em que mais me senti em risco durante a pandemia foi durante o vestibular. As pessoas ficam aglomeradas nos portões de prova, muitas sem máscara. Tenho receio pela minha saúde e também por perder as provas caso seja infectada”, diz.
Além da entrada tumultuada, ela teme que candidatos, com a doença ou suspeita dela, não deixem de ir fazer a prova. Por isso, planeja usar duas máscaras e não comer durante os exames para diminuir o risco de se contaminar.
O Enem, que tem quase 6 milhões de inscritos, é a prova vista como mais preocupante. Nesta sexta, 8, a Defensoria Pública da União entrou com uma ação na Justiça Federal para o adiamento do exame.
O maior receio relatado por estudantes é que pessoas doentes escondam os sintomas para não perder a data da prova e, portanto, a chance de uma vaga na universidade.
No vestibular da Unicamp, na última quinta, 7, um candidato foi desclassificado após apresentar sintomas relacionados à Covid-19. O caso foi detectado após aferição de temperatura quando um fiscal suspeitou da doença, mas o procedimento não foi adotado para todos os participantes.
“Os vestibulares adotaram poucos procedimentos de segurança, a única garantia é da responsabilidade de cada um, o que é bem complicado em um processo seletivo tão disputado”, diz Tobias Prado, 20, que quer uma vaga em psicologia na USP.
Leia na íntegra: Folha de S. Paulo