Provas estão marcadas para os dias 17 e 24 de janeiro, em meio à alta no número de infectados pela covid-19
A poucos dias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tem crescido a pressão de estudantes pelo adiamento da prova, considerando o aumento de infecções pela covid-19 em todo o Brasil. Especialistas em Saúde ouvidos pelo Estadão consideram que a realização da prova neste momento pode agravar o quadro da pandemia no Brasil e oferece risco aos alunos. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova, diz que as datas estão mantidas e afirma que a realização do exame é segura.
A prova está marcada para os dias 17 e 24 de janeiro, em um momento em que o Brasil atinge 200 mil mortes pela covid-19, com curva ascendente de infecções. Algumas regiões, como o Estado do Amazonas e a cidade de Belo Horizonte, já determinaram o fechamento do comércio por causa do aumento das internações pela covid-19. Mais de 5,7 milhões de estudantes em todo o País estão inscritos para realizar as provas, principal forma de acesso ao ensino superior público.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, o momento da pandemia no Brasil é grave e várias regiões podem registrar cenas que não viram na primeira onda, como o colapso do sistema de saúde e filas para UTI. “Considero que vamos colocar muitas vidas em risco e alguns candidatos precisam se locomover para chegar até o local de prova, vamos ter de mobilizar muitas pessoas”, diz ela, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “Esse jovem se contamina na prova, vai para a casa e leva a doença para lá. Estamos em um momento da pandemia em que essa prova seria muito inadequada, fere todas as nossas estratégias sanitárias.”
Ethel vê riscos dentro das salas de aula, mesmo que haja distanciamento entre as carteiras dos estudantes. “Quanto mais tempo você entra em contato com alguém infectado, a chance é maior de se contaminar. Esse tempo na sala não pode ser desprezado, mesmo que haja uma cerca distância”, afirma. As provas do primeiro domingo terão duração de 5 horas e meia. Ethel diz que protocolos como a disponibilização de álcool em gel são insuficientes para minimizar os riscos.
Já para o infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Celso Granato, o risco é maior na entrada dos locais de prova. “Na sala de aula, fica todo mundo quietinho em cima da folha de resposta, o ambiente não é tão propício assim (para a contaminação)”, afirma.
Leia na íntegra: Estadão