Por que não uma prova online e por que usar as notas do Enem desde 2009?
A Câmara de Ensino da Graduação aprovou nesta semana uma proposta para que o vestibular Vestibular 2021 da UFSC seja substituído por um processo seletivo não presencial, que vai utilizar como critério de seleção a nota do Enem, de 2009 a 2021. A proposta, que ainda precisa passar pelo crivo do Conselho Universitário, gerou algumas dúvidas na comunidade acadêmica.
A Apufsc procurou a presidente da Coperve, professora Maria José Baldessar, para entender o que foi levado em conta na definição do processo seletivo que será submetido ao CUn.
Segundo a Coperve, o modelo não presencial baseado nas notas do Enem foi escolhido para evitar aglomerações. A estimativa é de que 25 mil candidatos participem do Vestibular 2021, em 28 cidades do Estado. A prova presencial envolveria a participação de 2500 pessoas, entre fiscais, seguranças, coordenadores e profissionais de limpeza.
Por que a Coperve não optou por uma seleção online, aos moldes do próprio Enem?
É impossível fazer uma prova online com segurança. Nós temos cursos, como o de Medicina, com 124 candidatos por vaga. Como vai saber que esse é o candidato que está fazendo a prova? O Enem este ano é digital. A empresa responsável pelo Enem nos disse que fará uma fotografia no início da prova e outra no fim. A preocupação deles é que as pessoas façam o Enem, e a preocupação com sigilo e segurança é menor. Na UFSC, a gente tem preocupação, sim, com a qualidade do processo que estamos oferecendo.
A Coperve decidiu por adotar as médias do Enem das edições de 2009 a 2021. Por que um período tão longo?
Pelo espectro do desenho dos ingressantes da UFSC. A gente fez um levantamento na nossa base de dados para ver o perfil do ingressante. Temos o jovem de 16, 17 anos que fez o Enem em 2019, 2020, e fará 2021. Mas também temos uma população com um pouco mais de idade que essa escolha abarca. Também porque o Enem a partir de 2009 tem a mesma característica a cada ano, traz semelhanças e é um bom critério para preencher o perfil do alunado. As decisões da Coperve foram técnicas, tomadas em conjunto pela área de TI, pedagógica e logística. Por isso, também optamos por não fazer presencial. Precisaríamos de 1800 salas simultâneas de alunos, hoje trabalhamos com 600, por exemplo. Todos que estão fazendo processo seletivo presencial estão atribuindo a responsabilidade pelo cuidado à pessoa. E se eles saem contaminados de lá? Fizemos essa discussão muito profundamente.
Essa opção não levará a um aumento no número de candidatos por vaga?
O aumento é apenas nos cursos de alta demanda, que são quatro basicamente: Medicina, Medicina Araranguá (que já foi), Direito e Arquitetura. Os outros cursos ficam na média. Inclusive para nós é bom porque forma uma reserva para preenchimento de vagas. Temos 20, 30 cursos que sequer conseguem preencher as vagas.