Participação cresceu desde 2014, quando lei de cotas para concursos públicos federais foi aprovada. Mas ainda é pouco no universo geral
A quantidade de professores negros em universidades federais cresceu 60% desde que a lei de cotas para concursos públicos foi aprovada em 2014. Com isso, a participação de docentes pretos e pardos no quadro total de mestres e doutores passou de 11,7% para 15,8% entre aquele ano e 2019. As informações são do Censo do Ensino Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Se o ritmo de crescimento no período for mantido tanto para os docentes negros quanto para o total de professores, eles serão 50% apenas em 2038. O problema é que a lei encerra a vigência em 2024, visto que o texto prevê que ela valeria por 10 anos.
A representação é um ponto importante das políticas de ação afirmativa, de acordo com a professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (Unilab), Vera Rodrigues. “Dificilmente, você cresce convivendo com profissionais negros na medicina, advogados. Geralmente, eles são brancos. Aí, quando se começa a pensar em carreiras para além do trabalho braçal ou doméstico, é uma ruptura com isso”, diz.
“É um processo. Se pensar que estamos falando de centenas de anos com escravidão, abolição inconclusa, vai ter uma ausência de sujeito em várias áreas e trabalho”, acrescenta Vera Rodrigues.
A professora usa a própria história como exemplo. “Tanto na minha geração quanto na mais recente há muitos relatos de ser a primeira a entrar na universidade. Foi o meu caso. O ensino superior não é algo que faça parte das expectativas de famílias negras e pobres no Brasil”, aponta.
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