Duas portarias do ministério criam grupos de trabalho para discutir ampliação da EAD nas instituições públicas
O Ministério da Educação quer ampliar a oferta de ensino a distância nas universidades federais brasileiras. Na última sexta-feira (23), foram publicadas no Diário Oficial da União duas portarias que instituem grupos de trabalho para a discussão, elaboração e apresentação de estratégias para a ampliação da oferta de cursos de nível superior, na modalidade a distância, nas instituições federais de ensino.
A medida vem em meio à divulgação dos dados do Censo da Educação Superior de 2019, liberados também na ultima sexta-feira (23) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Os resultados mostram forte avanço dos cursos a distância no ensino superior brasileiro, em especial na rede particular, mesmo antes da pandemia do novo coronavírus —período em que profissionais e instituições de todos os níveis de ensino tiveram que se adaptar para oferecer aulas remotas.
“Nós verificamos que essa tendência já está muito forte no setor privado. E no setor público, principalmente na rede federal, a gente atua fortemente no ensino presencial”, disse Wagner Vilas Boas, secretário de Educação Superior do MEC, durante entrevista coletiva realizada para a divulgação dos dados do censo.
O secretário, então, mencionou as portarias que foram publicadas na edição do dia do Diário Oficial da União e disse que um dos objetivos da iniciativa é “desenvolver uma política de educação digital para a rede federal brasileira”.
“Com isso, poderemos ampliar e muito o ensino a distância, como aconteceu na rede privada. Poderemos atingir um número muito maior de estudantes e com a mesma qualidade que nós temos no ensino presencial”, declarou.
Crescimento nas matrículas em cursos superiores a distância
Os dados do censo mostram que, de 2018 para 2019, houve crescimento de 19% nas matrículas em cursos superiores a distância. Já no ensino presencial, houve redução de 3,8% no número de alunos matriculados. Além disso, as matrículas em cursos superiores a distância quase triplicaram em um intervalo de 10 anos.
A maior parte das matrículas em cursos a distância, no ensino superior, é da rede particular. Em 2019, 93,6% dos matriculados em cursos de graduação a distância estudavam em instituições privadas.
Nos grupos de trabalho criados por meio das portarias publicadas hoje, há representantes da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), da UniRede (Associação Universidade em Rede), da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) e do MEC, além de representantes das universidades federais de cada uma das cinco regiões do país.
Desempenhos no Enade
Dados do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) divulgados no dia 20 de outubro mostram que um maior percentual dos cursos a distância obteve desempenho ruim, alcançando os conceitos 1 e 2, do que o observado para os cursos presenciais.
Entre os cursos a distância avaliados, 51,3% tiveram nota ruim, enquanto entre os cursos presenciais esse percentual foi de 35%. No que diz respeito ao conceito máximo (conceito 5), no entanto, os cursos das duas modalidades tiveram desempenho semelhante: cerca de 6% dos cursos avaliados chegaram ao conceito 5, em ambos os casos.
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse hoje não ser possível afirmar que cursos da modalidade a distância tenham menos qualidade do que os cursos da modalidade presencial.
“Os resultados dos alunos no Enade têm sido próximos ao do presencial no EAD [ensino a distância]. Tem que explorar um pouco mais. A maior parte dos alunos EAD trabalham, são de perfil socioeconômico diferente. São perfis diferentes, mas os resultados têm sido próximos, em relação à qualidade. Não dá para afirmar que o curso EAD seja de menor qualidade”, afirmou.
Fonte: UOL