Por Alejandro Mendoza, Jorge Kondo Massayuki, Lucio Sartori Farenzena e Oswaldo Ritter
Entrei na UFSC quatro anos atrás e confesso que demorei mais do que gostaria para me convencer de que pertencer ao sindicato de professores era a escolha certa para mim. Primeiro, me parece importante admitir que eu tinha um preconceito negativo em relação aos sindicatos no Brasil, levado pelo desconhecimento e a desinformação trazida pela mídia, a minha ideia de sindicato era a de uma organização burocrática, que pouco beneficiava e auxiliava os seus filiados, muitas vezes passiva ante momentos críticos e que muito mais se assemelhava a um clube com alguns benefícios do que a uma organização cujo objetivo fundamental e primordial é a defesa dos seus filiados e da categoria de forma geral.
Eu mudei de opinião em relação à Apufsc, mudei assim que comecei a ter contacto com alguns filiados e membros da atual diretoria. Para além dos encontros mensais, terminados com uma celebração simples e de vários outros benefícios que os filiados desfrutavam, comuns a um clube genérico, percebi que a diretoria da Apufsc e em particular o seu atual presidente estavam muito atentos e combativos ante o processo de precarização e ataque que a nossa categoria vem sofrendo, com notável intensidade nos últimos anos.
Assim acho indispensável lembrar todos de alguns fatos que me parecem esclarecedores da nossa situação atual. O próprio Ministro da Educação no ano de 2019 declarou para quem quisesse ouvir que as universidades federais eram produtoras de balburdia, de drogas ilícitas de forma extensiva e que os professores eram “zebras gordas” com salários não merecidos. Para quem considera-se pragmático e se diz não atingido pelas repetidas ofensas, lembro que a situação financeira das universidades, da pesquisa, dos bolsistas de Mestrado e Doutorado e dos estudantes de graduação piorou tanto nos últimos anos que o próprio funcionamento da UFSC e o cumprimento do ano letivo esteve ameaçado em 2019.
Neste ano só vamos conseguir completar o ano letivo por causa da grande redução de gastos produzida pelo funcionamento anormal da universidade e, como já é conhecido pelos interessados, o orçamento previsto para 2021 objetivamente não irá permitir o funcionamento normal da universidade, com altas chances de inviabilizar o término do ano letivo em 2021. Neste exato momento, a estabilidade dos servidores públicos e em particular a dos professores tem altas chances de acabar devido ao novo projeto de reforma administrativa, o que levanta fundadas preocupações em relação à liberdade de cátedra e sobre qual seria o funcionamento na prática das instituições de ensino uma vez que os critérios para demissão não são claros.
A lista de problemas e ameaças que estamos enfrentando enquanto professores universitários e pesquisadores da ativa é grande e muito séria, o risco de que as nossas carreiras sejam inviabilizadas definitivamente é real. Neste cenário dá-se a eleição para o sindicato de professores da UFSC e eu gostaria de poder trazer a boa noticia de que as nossas maiores preocupações são aquelas usuais de tempos de bonança, como conseguir mais benefícios em diversos estabelecimentos ou melhorar a infraestrutura disponível ou ainda como tornar mais eficiente esse ou aquele procedimento burocrático feito dentro do sindicato.
Claramente a nova diretoria tem sempre que trabalhar para a obtenção de benefícios para os filiados e constantemente aperfeiçoar a sua gestão, mas se realmente a diretoria pretende cumprir a sua principal missão, terá que fazer muito mais que isso, terá que se importar e engajar-se contra as ameaças reais e a destruição em curso das carreiras dos atuais e futuros professores da UFSC. Se não fizer isso, será só mais um clube genérico do qual por coincidência os professores da UFSC são membros. Espero que todos, professores aposentados e da ativa, saibamos entender o momento que vivemos e escolhamos uma diretoria com uma proposta de ações à altura dos desafios que a UFSC terá no futuro imediato. Meu voto é com certeza da chapa UM!
Alejandro Mendoza, Jorge Kondo Massayuki, Lucio Sartori Farenzena e Oswaldo Ritter são professores do Departamento de Física
Os artigos publicados nesta seção não refletem necessariamente a opinião da diretoria e/ou dos filiados da Apufsc.