Manifesto foi publicado hoje e conta com assinatura de 16 frentes parlamentares e mais de 50 entidades ligadas à Educação
Com a perspectiva de corte de R$ 1.882 bilhão no orçamento das despesas discricionárias na Educação para 2021, 16 frentes parlamentares do Congresso Nacional e 54 entidades e movimentos ligados à Educação lançaram um manifesto nesta sexta-feira, 11. O documento traz as preocupações em relação ao funcionamento de institutos e universidades federais sem suporte financeiro em um momento especialmente delicado, provocado pela pandemia. O manifesto “Em defesa da Educação como Direito Público” integra a campanha pelo orçamento sem cortes e convida a comunidade para o ato virtual que acontecerá na próxima quinta, dia 17, às 18h.
“Para o pós-pandemia, é inimaginável abrir mão de recursos que servirão para a reconstrução do país e para atender as demandas dos estudantes brasileiros já tão prejudicadas por esse ano letivo atípico”, consta em trecho do manifesto.
Além da previsão de cortes das verbas de custeio e investimento, as entidades ressaltam que as duas agências de fomento da pesquisa brasileira — CNPq e Capes — estão dependentes de créditos suplementares, o que pode levar ao comprometimento de bolsas no ano que vem.
“Da mesma maneira que a educação liberta, o investimento em pesquisa, em ciência e tecnologia salva vidas. Tanto a produção de álcool líquido ou em gel e de máscaras de proteção- muitas delas já produzidas em impressoras 3D- quanto de respiradores, dependem de um comprometimento estatal muito grande. Assim é com o monitoramento do vírus e com os estudos que envolvem a tão aguardada vacina, para ficarmos apenas nesses exemplos.”
Autonomia universitária
Para além do investimento financeiro nas instituições federais de ensino, através do documento, as entidades e frentes parlamentares signatárias manifestam-se a favor da autonomia universitária e dos institutos federais, “com a nomeação dos reitores eleitos em processo democrático e dos concursados”.
Neste ano, universidades como a Federal do Ceará (UFC) e a da Fronteira Sul (UFFS) lidam com os efeitos da pandemia nas atividades pedagógicas enquanto contam com um interventor ocupando a cadeira da reitoria. Um reitor interventor é aquele que não foi o mais votado pela comunidade acadêmica e, mesmo não tendo sido o primeiro colocado da lista tríplice, é nomeado pelo Ministério da Educação.
Em defesa da Educação
“Um país que não fomenta a pesquisa e o ensino universal, não investe em ciência e tecnologia e não valoriza os profissionais de educação, é um país que não pensa em seu futuro”, finaliza o manifesto. As frentes parlamentares e entidades signatárias convidam toda a sociedade civil para participar do Ato Virtual em Defesa de um Orçamento Justo para a Educação na quinta-feira, dia 17, às 18h.
Para apoiar o Movimento pelo Orçamento sem Cortes, assine o manifesto.
Confira abaixo o texto na íntegra:
Manifesto em Defesa da Educação como Direito Público
16 Frentes Parlamentares do Congresso Nacional e 54 entidades e movimentos ligados à Educação vêm a público manifestar preocupação com todas as iniciativas que visem a desestabilizar o funcionamento das instituições de ensino, sejam elas de cunho orçamentário, ou em formato de ofensas à legislação.
A perspectiva de corte de R$ 1.882 bilhão no orçamento das chamadas despesas discricionárias para a educação, que envolvem o custeio e os investimentos, chama a atenção, sobretudo em um momento como o atual. As duas agências de fomento da pesquisa no Brasil, CNPq e Capes, estão com seus orçamentos dependentes de créditos suplementares, o que pode comprometer o pagamento das bolsas em 2021. Além disso, não há espaço para a abertura de novas bolsas e os recursos de fomento, fundamentais para a estruturação das pesquisas, seguem em vertiginosa queda.
Da mesma maneira que a educação liberta, o investimento em pesquisa, em ciência e tecnologia salva vidas. Tanto a produção de álcool líquido ou em gel e de máscaras de proteção- muitas delas já produzidas em impressoras 3D- quanto de respiradores, dependem de um comprometimento estatal muito grande. Assim é com o monitoramento do vírus e com os estudos que envolvem a tão aguardada vacina, para ficarmos apenas nesses exemplos.
Para o pós-pandemia, é inimaginável abrir mão de recursos que servirão para a reconstrução do país e para atender as demandas dos estudantes brasileiros já tão prejudicadas por esse ano letivo atípico. A vitória recente da histórica aprovação do Novo Fundeb no Congresso Nacional não nos permite descuidos na defesa da educação. No ano de 2019, estudantes das universidades, dos institutos federais e secundaristas foram às ruas de todo o Brasil insatisfeitos com a notícia dos cortes e contingenciamentos. Eles encabeçaram a luta pela permanência do orçamento e essa luta deve servir de inspiração para toda a sociedade.
Além de um orçamento justo para a pasta da educação, defendemos a autonomia universitária e a dos institutos federais, com a nomeação dos reitores eleitos em processo democrático e dos concursados. Faz-se necessária a imediata instalação da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional para discutir os recursos para a Educação para 2021 e de uma Comissão-Geral no Parlamento brasileiro para tratar o tema.
É imperioso investir, de maneira incisiva, na educação brasileira e garantir a valorização das universidades e institutos federais, de professores e técnicos e dos programas de permanência e assistência estudantil. É preciso, inclusive, ampliar esses investimentos para garantir conhecimento, ensino e desenvolvimento em favor da vida dos brasileiros e das brasileiras. Esse investimento é mais do que necessário também para a saúde pública, pois nas universidades estão 45 hospitais universitários que também fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS). Muitos deles são considerados os maiores e os melhores hospitais do sistema, onde- além do atendimento à população- desenvolvem, através das pesquisas, novos procedimentos, novas tecnologias e inovações.
Um país que não fomenta a pesquisa e o ensino universal, não investe em ciência e tecnologia e não valoriza os profissionais de educação, é um país que não pensa em seu futuro. Conclamamos a sociedade brasileira, as instituições, os entes federados e os poderes constitucionais para que firmem um pacto e tenham na educação, e no compromisso com a garantia de recursos justos para a área, um valor inegociável. Quem ganhará é o Brasil.
As seguintes frentes parlamentares e as seguintes entidades assinam este manifesto e convidam todas e todos a participarem do Ato Virtual em Defesa de um Orçamento Justo para a Educação no dia 17/09/2020, às 18h.
Frentes:
- Frente Parlamentar de Apoio aos Conselhos Profissionais;
- Frente Parlamentar de Apoio aos Profissionais de Classe;
- Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura;
- Frente Parlamentar em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação;
- Frente Parlamentar em Defesa do Plano Nacional de Educação;
- Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua;
- Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos;
- Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais, Ciência e Tecnologia;
- Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana;
- Frente Parlamentar Mista da Agricultura Familiar;
- Frente Parlamentar Mista da Educação;
- Frente Parlamentar Mista de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente;
- Frente Parlamentar Mista em Apoio aos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável da ONU;
- Frente Parlamentar Mista em Defesa das Organizações da Sociedade Civil;
- Frente Parlamentar Mista para Ampliação dos Cursos de Medicina;
- Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais;
Entidades e movimentos:
- ABdC – Associação Brasileira de Currículo;
- ABEM- Associação Brasileira de Educação Musical;
- ABRAPEC- Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências;
- ANDIFES- Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior;
- ANPG – Associação Nacional dos Pós-Graduandos;
- APUBH- Sindicato de professores das universidades federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco;
- ATENS-SN- Sindicato Nacional dos Técnicos de Nível Superior das IFES;
- Campanha Nacional pelo Direito à Educação;
- CNTE- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação;
- CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras;
- CONTEE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino;
- FDE – Fórum Distrital de Educação;
- FEERJ – Fórum Estadual de Educação do Rio de Janeiro;
- FEPE SC – Fórum Estadual Popular de Educação de Santa Catarina;
- FINEDUCA- Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação;
- FORPIBID RP – Fórum de Coordenação do Pibid e Programa Residência Pedagógica;
- Fórum Estadual de Educação do Pará ;
- MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens;
- MIEIB – Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil;
- Núcleo de Educação e Cultura do PT no Congresso Nacional;
- SBEnBio – Associação Brasileira de Ensino de Biologia;
- Sinasefe – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica;
- UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas;
- UNE- União Nacional dos Estudantes;
- União Paranaense dos Estudantes
- União Estadual dos Estudantes do Ceará Livre
- União Estadual dos Estudantes do Amazonas
- União Estadual dos Estudantes de Mato Grosso.
- União dos estudantes da Bahia
- União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais
- DCE UFPR
- DCE UNIFAP
- DCE UFV
- DCE UNILA
- DCE Estácio (Bahia)
- DCE UFMA
- Centro Acadêmico de Pedagogia Anísio Teixeira – UNIFAP, campus Santana.
- Centro Acadêmico de filosofia Rauliette Diana – UNIFAP
- Centro Acadêmico de Letras Felipe Brito-UNIFAP campus santana.
- ABALF – Associação Brasileira de Alfabetização;
- ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional;
- ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação;
- ANPEd – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação;
- CEDES – Centro de Estudos, Educação e Sociedade;
- CONIF- Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica;
- FASUBRA- Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil;
- FENET – Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico;
- FNPE – Fórum Nacional Popular de Educação;
- Fórum Nacional dos Coordenadores Institucionais do Parfor/Forparfor;
- Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio;
- Observatório do Conhecimento;
- Proifes- Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e Ensino Básico Técnico e Tecnológico;
- SBEM- Sociedade Brasileira de Educação Matemática
- SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência;
Deputadas e Deputados que assinam o Manifesto:
- Afonso Florence (PT/BA)
- Afonso Motta (PDT/CE)
- Airton Faleiro (PT/PA)
- Alencar Santana Braga (PT/SP)
- Alessandro Molon (PSB/RJ)
- Alexandre Padilha (PT/SP)
- Alice Portugal (PCdoB/BA)
- Arlindo Chinaglia (PT/SP)
- Áurea Carolina (PSOL/MG)
- André Figueiredo (PDT/CE)
- Bacelar (PODEMOS/BA)
- Benedita da Silva (PT/RJ)
- Beto Faro (PT/PA)
- Bira do Pindaré (PSB/MA)
- Camilo Capiberibe (PSB/AP)
- Carlos Veras (PT/PE)
- Carlos Zarattini (PT/SP)
- Célio Moura (PT/TO)
- Danilo Cabral (PSB/PE)
- David Miranda (PSOL/RJ)
- Dionisio Marcon (PT/RS)
- Edmilson Rodrigues (PSOL/PA)
- Elias Vaz (PSB/GO)
- Elvino Bohn Gass (PT/RS)
- Enio Verri (PT/PR), líder do PT na Câmara dos Deputados;
- Erika Kokay (PT-DF), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos;
- Fernanda Melchionna (PSOL/RS)- presidenta da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura;
- Frei Anastácio (PT/PB)
- Glauber Braga (PSOL/RJ)
- Gleisi Hoffmann (PT/PR)
- Helder Salomão (PT/ES)
- Henrique Fontana (PT/RS)
- Idilvan Alencar (PDT/CE)
- Ivan Valente (PSOL /SP)
- Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
- João Daniel (PT/SE)
- João H. Campos (PSB/PE)
- Jorge Solla (PT/ BA)
- José Airton Cirilo (PT/CE)
- José Guimarães (PT/ CE)
- Joseildo Ramos (PT/BA)
- José Ricardo (PT/AM)
- Júlio Delgado (PSB/MG)
- Leonardo Monteiro (PT/MG)
- Luiza Erundina (PSOL/SP)
- Luiziane Lins (PT/CE)
- Marcelo Calero (Cidadania-RJ)
- Marcelo Freixo (PSOL/RJ)
- Márcio Jerry (PCdoB/MA)
- Margarida Salomão (PT/MG)- coordenadora da Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais;
- Maria do Rosario (PT/ RS)- presidenta da Frente Parlamentar Mista de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente;
- Marília Arraes (PT/PE)
- Mauro Nazif (PSB/RO)
- Merlong Solano (PT/PI)
- Natália Bonavides (PT/RN)
- Nilto Tatto (PT/SP)
- Odair Cunha (PT/MG)
- Padre João (PT/MG)
- Patrus Ananias (PT/MG)
- Paulão (PT/AL)
- Paulo Guedes (PT/MG)
- Paulo Pimenta (PT/RS)
- Paulo Teixeira (PT/SP)
- Pedro Cunha Lima (PSDB/PB)
- Pedro Uczai (PT/SC), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Plano Nacional de Educação;
- Professora Rosa Neide (PT/MT), presidenta da Frente Parlamentar em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação;
- Professor Israel (PV/DF), secretário-geral da Frente Parlamentar Mista da Educação;
- Reginaldo Lopes (PT/MG)- presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais;
- Rejane Dias (PT/PI)
- Rogério Correia (PT/MG), presidente da Frente Parlamentar de apoio aos Conselhos Profissionais;
- Rubens Otoni (PT/GO)
- Rui Falcão (PT/SP)
- Sâmia Bonfim (PSOL/SP), líder do PSOL na Câmara dos Deputados;
- Tabata Amaral (PDT/SP)
- Taliria Petrone (PSOL/RJ)
- Túlio Gadelha (PDT/PE)
- Valmir Assunção (PT/BA)
- Vander Loubet (PT/MS)
- Vicentinho (PT/SP)
- Waldenor Pereira (PT/BA)
- Wolney Queiroz (PDT/PE), líder do PDT na Câmara;
- Zeca Dirceu (PT/PR), presidente da Frente Parlamentar Mista para Ampliação dos Cursos de Medicina;
- Zé Carlos (PT/MA)
- Zé Neto (PT/BA)
Senadoras e Senadores que assinam o Manifesto:
- Cid Gomes (PDT/CE)
- Eliziane Gama (Cidadania/MA)
- Flávio Arns (PODEMOS/PR)
- Humberto Costa (PT/PE)
- Jaques Wagner (PT/BA)
- Jean Paul Prates (PT/RN)
- Leila Barros (PSB/DF)
- Paulo Paim (PT/RS)
- Paulo Rocha (PT/PA)
- Plínio Valério (PSDB/AM)
- Randolfe Rodrigues (REDE/AP), líder da oposição no Senado Federal;
- Rogério Carvalho (PT/SE), líder do PT no Senado Federal;
- Zenaide Maia (PROS/RN)
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