Foram debatidas questões sobre a acessibilidade dos estudantes ao ensino online, programas de auxílio e a preocupação – compartilhada por diversos reitores – com a evasão escolar
Membros da Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e representantes dos estudantes realizaram na sexta-feira, 4 de setembro, a terceira audiência pública virtual desde a suspensão das atividades presenciais na universidade. No encontro, foram discutidos assuntos de interesse dos estudantes, como as iniciativas de inclusão digital, bolsas e programas de auxílio. Também foi feito um balanço da primeira semana de ensino não presencial.
A audiência foi conduzida pelo estudante Victor Klauck, da coordenação geral do Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos. Pela Administração, participaram o reitor Ubaldo Cesar Balthazar, o chefe de gabinete da Reitoria Aureo Mafra de Moraes, o secretário de Planejamento e Orçamento Fernando Richartz, o pró-reitor de Assuntos Estudantis Pedro Manique e o pró-reitor de Graduação Alexandre Marino Costa.
Em sua fala inicial, o reitor Ubaldo Balthazar avaliou como positivo o saldo da primeira semana de ensino remoto. Ele admitiu que ocorreram problemas, mas salientou o esforço da Universidade para que ninguém fosse prejudicado no processo, citando a distribuição de computadores e o pagamento da primeira parcela do auxílio para aquisição do pacote de dados aos alunos. Os demais gestores destacaram que as atividades de ensino não presenciais são algo novo para todos. “A relação de ensino precisou se reinventar”, disse o pró-reitor Alexandre Marino.
O professor Aureo Moraes falou do esforço para dotar os estudantes de equipamentos para acesso às aulas, e que a UFSC atendeu não apenas a graduação, mas o ensino médio e a pós-graduação da UFSC, totalizando 1.394 solicitações. Esse esforço de atendimento teve participação das unidades de ensino e também de vários órgãos administrativos. Com isso, nove unidades de ensino – incluindo todos os campi – conseguiram suprir a demanda por equipamentos. As demais unidades deverão ser atendidas no decorrer desta semana. Assim, quando se encerrar o período de ajuste excepcional de matrícula, a expectativa é de que todos os alunos que solicitaram equipamentos tenham sido atendidos.
O secretário Fernando Richartz abordou as instabilidades enfrentadas pelo sistema virtual de aprendizagem Moodle no reinício das atividades. Ele afirmou que a UFSC investiu em infraestrutura para armazenamento de dados e capacitou o Moodle para suportar até 150 mil acessos simultâneos. Porém, no domingo, 30 de agosto, o sistema sofreu um ataque de hackers, forçando a Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic) a criar camadas extras de segurança, o que afetou a performance do sistema.
Auxílios e inclusão
Em relação aos computadores, o secretário informou que a Universidade já investiu R$ 3 milhões em licitações para a compra de 720 computadores, que serão destinados à reposição dos equipamentos que as unidades de ensino emprestaram aos estudantes. Além disso, há um contrato para aluguel “sob demanda” de até 2 mil notebooks e tablets, que poderão ser trocados pelos computadores de mesa emprestados aos estudantes ou para reposição de equipamentos que venham a apresentar defeito. Richartz informou ainda que os centros de ensino podem usar recursos próprios do duodécimo para a compra de equipamentos.
O pró-reitor Pedro Manique apresentou dados sobre o auxílio emergencial criado em março para apoio aos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O auxílio no valor de R$ 200 por mês visa suprir necessidades básicas dos estudantes com a suspensão no atendimento dos restaurantes universitários. O programa beneficiou mensalmente mais de 3 mil estudantes em cada uma das suas seis edições. E a procura vem aumentando: foram 3.213 auxílios pagos em julho e 3.649 em agosto, um aumento de mais de 10%.
Em relação ao auxílio para acesso à internet, o pró-reitor de Assuntos Estudantis informou que até o momento foram cadastradas 1.425 solicitações de estudantes. Já foi pago um primeiro lote, que beneficiou 1.113 estudantes, e os demais inscritos receberão próximo ao dia 15 de setembro. Este benefício será pago nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro. Pedro Manique ressaltou que a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) não só manteve todos os programas como ampliou os benefícios aos estudantes. De acordo com ele, uma iniciativa conjunta da Prae com a Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad) garantiu aos calouros indígenas e quilombolas uma bolsa de R$ 728,22, valor equivalente ao da Bolsa Estudantil. Também foi atendido um grupo de estudantes internacionais.
Ao avaliar a primeira semana de atividades remotas de ensino, o pró-reitor de Graduação afirmou que, após aprovação pelo Conselho Universitário (CUn) da resolução do retorno do ensino, houve grande mobilização da UFSC para capacitação de professores e servidores. “Estamos muito atentos, acompanhando este momento junto aos professores, aos coordenadores de curso”, disse Alexandre Marino. Ele pediu o envolvimento dos estudantes para divulgação das atividades do Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape).
O reitor Ubaldo Balthazar destacou o “grande esforço da UFSC para não deixar ninguém de fora” nessa retomada do ensino. Mencionou a distribuição de computadores para indígenas, quilombolas, para os estudantes de Educação no Campo e até mesmo para alunos apenados, nas penitenciárias do Estado. “A UFSC se colocou na vanguarda no trabalho de pesquisa científica para combate ao coronavírus, inclusive para o desenvolvimento de uma vacina”. Ele lembrou que a Universidade sempre pautou a sua atuação nas orientações dos pesquisadores e foi uma das primeiras a suspender atividades presenciais de ensino e administrativas, para evitar aglomerações, mas permaneceu trabalhando. “A UFSC tem trabalhado para preservar a vida, respeitando a ciência”, afirmou o reitor.
Bolsas e monitorias
Respondendo a uma pergunta formulada pelos estudantes, o secretário de Planejamento informou que a UFSC está buscando respaldo jurídico para atender a um ponto da Resolução Normativa 140, que prevê complementação das bolsas, já que o auxílio-transporte foi suspenso. De acordo com Fernando Richartz, a proposta visa oferecer melhores condições de trabalho para estagiários e monitores. O pró-reitor de Graduação, Alexandre Marino, valorizou o trabalho de estagiários e monitores neste momento e explicou que o Programa Emergencial de Apoio às Atividades de Estágio e Monitoria prevê o pagamento de R$ 150,00 por mês durante o período do calendário suplementar excepcional. A proposta já está sob análise da Procuradoria da UFSC e será custeada por recursos orçamentários que já estavam previstos para essas atividades.
Em seguida, os gestores procuraram responder perguntas específicas dos alunos sobre situações verificadas no retorno às aulas. A sugestão dos membros da Administração é que os alunos mantenham o diálogo com as coordenações de curso, que já foram orientadas pela Prograd a ficarem atentas e buscarem atender as demandas que surgissem.
Em relação à evasão, outra preocupação levantada pelos estudantes, o reitor Ubaldo Balthazar relatou que essa é uma preocupação de vários reitores, manifestada em reunião plenária da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Ele disse que, na UFSC, a própria Resolução 140 aponta uma “saída” para mitigar a evasão: a possibilidade de matrícula na disciplina ZZD2020. O pró-reitor Pedro Manique acrescentou que a equipe da Coordenadoria de Assistência Estudantil está em contato com as coordenadorias de curso para verificar quais alunos estão solicitando o trancamento do curso ou matrícula na disciplina ZZD2020, para entender as razões dessas atitudes e oferecer acolhimento e orientações.
Fonte: Notícias UFSC