Pnad Contínua Educação aponta que 11,041 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais de idade ainda não sabiam ler ou escrever no ano passado
Os indicadores educacionais brasileiros seguiram em lenta evolução no ano passado, como na redução da taxa de analfabetismo e na melhora da escolarização do ensino médio. O Brasil ainda segue distante, porém, de cumprir metas na área e, regionalmente, o Nordeste trouxe sinal preocupante no analfabetismo.
Divulgada ontem pelo IBGE, a Pnad Contínua Educação mostrou que 11,041 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais de idade ainda não sabiam ler ou escrever. No ano anterior, o total de analfabetos no país era de 11,253 milhões de pessoas. Desta forma, a taxa de analfabetismo recuou de 6,8% em 2018 para 6,6% em 2019.
Com a lenta melhora do indicador, o país ainda não alcançou sequer a meta intermediária do Plano Nacional de Educação (PNE), de reduzir a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais para 6,5% em 2015. Assim, torna-se cada vez mais difícil atingir a meta final de erradicação do analfabetismo em 2024. “O Nordeste é o grande desafio no alcance da meta do analfabetismo”, disse Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa do IBGE.
Um dado alarmante foi a estagnação do analfabetismo no Nordeste: 6,2 milhões de analfabetos em 2019, ligeiramente maior do que no ano anterior (6,14 milhões) – diferença estatisticamente significativa. É um alerta de que a torneira do analfabetismo pode estar aberta, com pessoas atingindo 15 anos sem saber ler.
Das cinco regiões do país, o analfabetismo recuou em quatro. Os melhores indicadores estavam no Sudeste (de 3,5% para 3,3%) e no Sul (de 3,6% para 3,3%). Também houve melhora no indicador da região Norte (de 8% para 7,6%) e Centro-Oeste (5,4% para 4,9%). O Nordeste ficou praticamente estagnado (de 13,87% para 13,9%).
A pesquisa mostra padrões conhecidos do analfabetismo no país. A população que não sabe ler ou escrever está concentrada na faixa com 60 anos ou mais, reflexo do passado de baixa escolarização, especialmente nas áreas rurais. Em 2019, eram quase 6 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais.
Marina Águas, analista do IBGE, lembra que parte da redução do analfabetismo no país pode ser explicada por um efeito demográfico: “A taxa de analfabetismo cai em parte com a morte da parcela mais envelhecida da população, na qual está a maioria dos analfabetos. É muito difícil convencê-los a voltar a estudar”, disse Marina.
Para a pesquisadora, os dados da pesquisa mostram que o país não fez “nada de fenomenal” na estrutura educacional no ano passado. “São pequenos avanços em indicadores, reflexo de uma geração que estuda mais”, acrescentou a analista da pesquisa do IBGE.
Leia na íntegra: Valor Econômico