Moção foi aprovada no plenário da Alesc no dia 7 de julho
Nesta semana, o deputado Jessé Lopes (PSL) apresentou na Assembleia Legislativa (ALESC) uma moção* de repúdio ao reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pela “paralisação total da referida entidade”. Disse que a UFSC “continua sem aula alguma, gastando mais de R$ 115 milhões por mês, dinheiro praticamente jogado no lixo, enquanto universidades comunitárias, filantrópicas estão funcionando, mesmo que de forma on-line”.
Além de ter sido injusto ao personificar o repúdio na figura do reitor Ubaldo Balthazar e ao acusar a UFSC de uma paralisação total, o deputado demonstra, mais uma vez, seu desrespeito com a instituição, com seus 60 anos de história e com toda comunidade universitária.
Na mesma semana em que o deputado ataca a UFSC, o ranking divulgado pelo Times Higher Education indica que a instituição ocupa a nona posição entre as melhores universidades da América Latina. E alcança tal posição porque tem um corpo de profissionais altamente qualificados, com 2,6 mil docentes que, ao contrário do que pensam os parlamentares que aprovaram tal moção, seguem trabalhando, mesmo durante a pandemia, em home-office. Infelizmente, esses parlamentares também demonstram o desconhecimento sobre as condições de funcionamento de uma instituição de ensino multicampi como a UFSC, que está entre as 10 universidades com maior produção científica do País.
Embora o ensino ainda não tenha sido retomado, os docentes seguem com suas atividades de pesquisa, extensão, pós-graduação e de administração. Cumprimos prazos do MEC e de agências de fomento (Capes, Inep, CNPq e Fapesc), instituições essas que avaliam permanentemente o desempenho da UFSC. No momento, são mais de 2,7 mil projetos de pesquisa em andamento em 624 grupos de pesquisa certificados no CNPq. A mesma UFSC, na mesma semana, teve três projetos de pesquisa aprovados pelo CNPq para enfrentamento da Covid-19. Um deles, de extrema relevância, trata do desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus.
Portanto, dizer que os recursos destinados à universidade estão sendo jogados no lixo, é ignorar a história de comprometimento da UFSC com a sociedade brasileira e catarinense. Já formamos profissionalmente milhares de jovens e grandes lideranças em todas as áreas e atividades, inclusive sete dos atuais 40 parlamentares catarinenses.
Nosso compromisso durante essa terrível crise sanitária também se expressa com os profissionais dedicados a desenvolver respiradores de baixo custo, produzir álcool em gel e equipamentos de segurança, atender a população carente na Farmácia Escola, arriscar a vida na linha de frente do Hospital Universitário, abastecer as autoridades de saúde com estudos que ajudam a entender a progressão da doença e suas implicações.
Nos últimos dois meses, a universidade vem trabalhando para viabilizar o início das atividades não presenciais, de modo a garantir acesso e segurança aos seus 36 mil alunos e condições de trabalho aos professores e técnicos-administrativos. A demora na implementação de medidas por parte da reitoria já foi alvo de crítica pela própria Apufsc. Mas demora não é sinônimo de paralisia ou de não reposição de aulas. Nossa disposição e compromisso como docentes é ministrar as aulas o mais rápido possível – uma decisão que está agora a cargo do Conselho Universitário.
Por fim, é preciso reconhecer que as universidades federais de todo o país, incluindo a UFSC, enfrentam gravíssimos problemas de infraestrutura tecnológica provocados pela falta de financiamento e cortes orçamentários que hoje dificultam a resposta ágil e responsável que lhe é cobrada. Nesse sentido, aqueles parlamentares e outras entidades da sociedade civil que hoje dedicam parte de seu tempo para atacar nossa universidade deveriam se dispor a ajudá-la agora e permanentemente.
Diretoria da Apufsc-Sindical
* A moção foi aprovada em plenário, com apenas um voto contrário, da deputada Luciane Carminatti (PT).