Em seminário na Câmara, presidente da Apufsc propõe debate sobre novos modelos de universidade

Confira o vídeo completo com o discurso do professor Bebeto Marques

O presidente da Apufsc-Sindical, Bebeto Marques, participou nesta quarta-feira (30) do seminário na Câmara dos Deputados que discute “O papel da universidade pública no desenvolvimento da ciência e tecnologia, da educação e do conhecimento”.

Veja abaixo o vídeo completo da mesa desta quarta-feira (30) e o discurso do presidente da Apufsc entre os minutos 33 e 52.


Bebeto propôs uma discussão sobre o modelo de universidade atual e o que melhor atenderia ao país. Logo no início de sua apresentação, o presidente da Apufsc ressaltou que “sem financiamento não há autonomia e que é por meio do financiamento que os governos buscam controlar as universidades. Quem financia, controla.”

Segundo o professor, a autonomia universitária só será alcançada se forem assegurados  às universidades públicas os recursos necessários para promoção da pesquisa, da extensão e dos investimentos correspondentes. Na Câmara, diante de parlamentares, ele levantou algumas questões sobre o Projeto de Lei 4992/2019, que trata da autonomia universitária e está em tramitação no Congresso. “O Projeto de Lei assegura esses recursos? É possível assegurar a autonomia dispondo as universidades públicas de um orçamento engessado, totalmente vinculado (80% para pessoal) e, portanto, insuficiente para viabilizar a pesquisa, a extensão e a inovação? O Projeto de Lei resolve este problema?”

Novos modelos

Ao falar também em nome do Observatório do Conhecimento, Bebeto Marques propôs uma discussão sobre o modelo de universidade que predomina hoje e o que melhor se ajusta às aspirações do país.  “Por meio das ações dos vários governos nosso modelo de universidade se aproximou muito do modelo americano, de uma universidade de serviços. E a ideia original de Darci Ribeiro, de uma universidade necessária ao desenvolvimento soberano de país, foi perdendo força”, disse. “Aos poucos, nos tornamos mais vulneráveis e subalternos a interesses exógenos aos nossos.”

Bebeto falou da necessidade de se aperfeiçoar o modelo praticado pelas 63 universidades federais. “O momento exige uma visão sistêmica de universidade, cujo modelo, organização e funcionamento eliminem as barreiras da disciplinaridade, da departamentalização, da mesmice acadêmico-pedagógica e da pouca eficiência na gestão administrativa”, afirmou. Ele defende a necessidade de uma profunda reforma pedagógica para integrar o ensino e a pesquisa, no sentido de valorizar a autonomia do estudante e o aprendizado por investigação.

O fortalecimento da pesquisa, por sua vez, só ocorrerá, na avaliação do presidente da Apufsc, com financiamento público e  desburocratização, de modo que o tempo do pesquisador seja valorizado. “No modelo atual, baseado no tripé ensino-pesquisa-extensão, esse tempo é tomado em atividades paralelas e contraproducentes”, afirma. Isso poderia ser superado, diz Bebeto, com a figura do professor assistente, que desempenharia funções de apoio ao ensino, sob coordenação e responsabilidade de um pesquisador sênior.

Esses são alguns aspectos, segundo o professor, de um novo modelo que teria como centro a pesquisa, voltada ao ensino, com uma organização pedagógica que favoreça a curiosidade dos jovens e o domínio de processos de investigação. “Um sistema de profissionalização ativo e não passivo”, diz Bebeto Marques. A pesquisa acadêmica, mais profissional, sistemática e inovadora, focada na produção de conhecimento científico para todos os setores da sociedade, se organizaria, de acordo com o professor, “em formas e etos específicos dentro da própria universidade, fluindo ao externo por meio da extensão universitária”.

Bebeto Marques defendeu, por fim, um modelo de universidade mais ágil e mais eficiente, que precisa estar comprometido com um projeto de nação, atendendo às aspirações de nossa identidade histórico-cultural e voltada ao desenvolvimento soberano do país. “Não se faz isso sem um vigoroso sistema de CT&I, com financiamento público, interagindo permanente e organicamente tanto com centros produtores de conhecimento quanto com setores econômicos e sociais.”

Imprensa Apufsc