Ouça a entrevista do professor Eduardo Meditsch sobre suposto “dossiê” de deputado catarinense entregue ao ministro da Educação
O professor Eduardo Meditsch, diretor de Divulgação e Imprensa da Apufsc, deu uma entrevista à CBN Diário na tarde desta sexta-feira sobre o suposto “dossiê” feito pelo deputado estadual Jessé Lopes (PSL) e entregue ao ministro da Educação Abraham Weintraub, em mais um ataque do parlamentar à UFSC.
“Quando a universidade estava voltando à normalidade, depois da paralisação dos estudantes por causa do corte de verbas, aparece o deputado Jessé Lopes com essa fake news para perturbar a situação”, afirmou o professor.
Nesta semana, ao receber o tal dossiê, o ministro gravou um vídeo dizendo que vai “caçar quem fica fazendo balbúrdia” na UFSC. “Obrigado, Jessé. Já tenho com o que me divertir”, diz Weintraub.
Durante a greve estudantil, que durou 37 dias, Lopes fez vários ataques à universidade. No dia 10 de outubro, o parlamentar intimidou uma estudante que o questionava na universidade, e no dia 26 de setembro, entrou no Colégio de Aplicação sem autorização. O deputado postou fotos e um vídeo nas suas redes sociais atacando o colégio pela sua decisão de reduzir os turnos das aulas por conta da greve.
Na entrevista à CBN, Meditsch ressaltou o comportamento inadequado do deputado, que deveria estar preocupado com questões ligadas à educação do Estado de Santa Catarina, função para o qual foi eleito e é remunerado. O salário de um deputado estadual é de R$ 25 mil.
“Lamentável que o deputado esteja sempre querendo tirar a tranquilidade de professores e estudantes da UFSC. Hoje, ele e o ministro da Educação são os maiores provocadores de balbúrdia na universidade”, afirmou o diretor da Apufsc. Ele disse também que o sindicato considera inaceitável que esse tipo de abuso de poder se torne normal. “É papel de um parlamentar peitar alunos, provocar incidentes na universidade? E se a universidade tem problemas, o ministro da Educação se diverte com isso?”
Para ouvir a entrevista do professor Eduardo Meditsch na íntegra basta acessar este link. A entrevista começa aos 36 minutos de programa.
Embate com o governador
A postura inadequada do deputado Jessé Lopes em relação às universidades públicas é mencionada pelo governador Carlos Moisés da Silva, que assim como o parlamentar é filiado ao PSL, em entrevista à revista Veja que circula neste fim de semana.
Ao ser questionado sobre o fato de ter perdido apoio de quatro dos seis deputados estaduais eleitos pelo PSL – Ana Campagnolo, Felipe Estêvão, Jessé Lopes e Sargento Lima – por questões ideológicas, Moisés rebateu. “Não são posições ideológicas, não. Eu diria que são questões até menos nobres, porque esses deputados fazem oposição ao governo por defenderem causas pessoais.”
O governador cita o pedido de apoio de Jessé Lopes para um projeto de lei que exigisse aplicação de exame toxicológico nos professores da rede estadual – e que se estende a todas as universidades públicas de Santa Catarina, incluindo a UFSC.
“Eu disse que achava ótimo, desde que todos os deputados e servidores públicos fizessem. E aí fui acusado de não apoiá-lo. Era uma perseguição contra uma categoria. Como vou apoiar um projeto sem qualquer razoabilidade? Isso não é ideologia, é querer protagonismo entre um grupo minoritário que ofende os professores”, afirmou o governador.