Expectativa da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) é que o CNPq ceda às pressões das entidades científicas e volte atrás nos critérios que excluem as ciências humanas do PIBIC
Em reunião nesta quinta-feira (30), a Câmara de Pesquisa da UFSC discutiu a nova chamada do CNPq para o Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), publicada no dia 23 de abril no site da entidade. Ao restringir as bolsas às áreas consideradas prioritárias pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC), a chamada evidencia a exclusão das pesquisas de ciências humanas na Iniciação Científica – o que provocou a reação de entidades como a SBPC e a ABC, que já solicitaram ao ministério a revisão dessas prioridades de modo a incluir todas as áreas do conhecimento no PIBIC.
“Estamos buscando reverter a situação e o nosso alento é que o novo edital do PIBIC, que é a peça fundamental, ainda não foi publicado. Por enquanto, é só uma notícia. Esperamos que antes disso o CNPq reveja”, diz o pró-reitor de Pesquisa da UFSC, Sebatião Roberto Soares. Ele informa que UFSC vai encaminhar carta ao CNPq com esse apelo e que, nesta quinta-feira (30), o Colégio de Pró-reitores de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (Copropi), órgão de assessoramento da Andifes, questionou o presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela, sobre a restrição. Vilela teria pedido mais informações aos pró-reitores para poder se manifestar, justificando ser novo no cargo.
Na UFSC, 1470 professores inscreveram projetos de pesquisa no edital interno da universidade para bolsas do PIBIC até o dia 23 de abril, quando encerrou o prazo. “Tudo segue na mesma lógica, os projetos mais bem avaliados serão contemplados, como sempre ocorreu – esta é a nossa linha diretriz”, diz o pró-reitor. Em relação à restrição das áreas, porém, a indefinição vai continuar enquanto o CNPq não lançar o edital do PIBIC. “Gostaria de dar uma resposta definitiva, mas isso aconteceu de ontem para hoje. Se isso realmente se concretizar (a exclusão de algumas áreas), vamos ter que ver como nos adequar”.
Uma das hipóteses consideradas pela Câmara de Pesquisa no caso de o CNPq manter a restrição é remanejar os projetos que não se encaixam nos requisitos do Conselho, aqueles ligados às ciências humanas, para o grupo de bolsas PIBIC pagas pela UFSC. Ele explica que, do conjunto de bolsas PIBIC da universidade, uma parte é paga pelo CNPq e outra parcela é paga diretamente pela UFSC – este grupo de bolsas a princípio não estaria sujeito às novas regras. Hoje a UFSC tem cerca de 800 bolsas PIBIC, sendo 483 pagas pelo CNPq e o restante pela universidade.
“É importante deixar claro que a nossa primeira hipótese é que o CNPq reveja, vamos insistir na inclusão de todas as áreas, como tem sido feito. É com este cenário que trabalhamos”.
O edital PIBIC do CNPq é lançado a cada dois anos – o último foi lançado em 2018 e o de 2020 está atrasado, pois geralmente o lançamento ocorre entre o final de março e o começo de abril.
Além da expectativa de que o CNPq volte atrás nos critérios de seleção do PIBIC, incluindo todas as áreas do conhecimento, a Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) também espera que o número de bolsas seja mantido no mesmo patamar.
Na opinião do pró-reitor, a possível exclusão de algumas áreas do PIBIC preocupa principalmente pelo fato de atingir os estudantes ainda na fase da graduação, em que a universalidade das pesquisas deve receber incentivo. “É estranho colocar isso no PIBIC, que como o próprio nome diz é uma introdução à pesquisa. No nosso entendimento, isso atinge toda a universidade, ao deixar de lado algumas áreas. É difícil de aceitar isso nessa etapa fundamental do ensino. O bom projeto deve ser contemplado, temos que dar chance para que todas as áreas sejam beneficiadas”.
Imprensa Apufsc