Salário de docente é um dos mais baixos da União

Professor perde na comparação com outros cargos de nível superior

No final de março, o governo federal divulgou no site www.servidor.gov.br o que ele considera “ganhos expressivos” concedidos ao funcionalismo público federal desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em  2003 (veja tabela ao lado). 

Clique aqui para ver a tabela comparativa das reumerações entre as categorias do serviço público federal em 2002 e 2007 na versão do pdf do Boletim

De fato, há números que chamam a atenção, como os índices de 238,05% ou de 219,11% aplicados a algumas funções de determinados setores dos servidores federais. A tabela, no entanto, não mostra a diferença entre os reajustes concedidos e a enorme perda salarial sofrida pelos SPF durante os oito anos do governo FHC. Tampouco explica que alguns índices foram aplicados de forma diferenciada a cargos e funções já em desuso em determinadas categorias. No caso dos professores federais, por exemplo, são poucos os docentes que ingressam na carreira como auxiliares ou assistentes, já que a quase totalidade dos concursos realizados pelas Ifes pede doutorado. 

Outro dado que chama atenção é a grande disparidade entre os salários pagos aos professores das IFE e as funções em outras categorias que exigem, no mínimo, formação em nível superior, muitas delas exigindo somente graduação.

Pela tabela do governo, por exemplo, um professor do magistério superior com doutorado e DE inicia a carreira recebendo R$ 5.549 e a termina com um salário de R$ 7.260,67.  A situação é ainda pior para os docentes de 1º e 2º graus (veja tabela ao lado). 

Enquanto isso, um delegado da Polícia Federal (com graduação) tem salário inicial de R$ 11.614,10 e final de R$ 16.683,98. Os auditores começam com R$ 10.155.32 e terminam com R$ 13.382,26. Os advogados e defensores da União têm piso de R$ 10.497,56 e teto de R$ 12.900,42. 

Seriam apenas os que trabalham nas tais carreiras típicas de Estado que seriam mais valorizados do que os professores? Não. Os pesquisadores de vários órgãos do governo, que têm doutorado assim como os docentes, também são mais bem remunerados. Um pesquisador do IBGE começa com R$ 6.367,48 e termina com R$ 9.737,90. Quem faz pesquisa para a Fiocruz tem salário inicial de R$ 5.898,90 e final de R$ 9.298,06. Já um pesquisador do Inmetro tem piso de R$ 4.652,55 e teto de R$ 10.361,88. 

Apesar de ter recuperado parte das enormes perdas, o salário do professor continua defasado. E a despeito do discurso governista de valorização da Educação, a remuneração dos docentes continua abaixo de outros setores dos servidores públicos.