Diante das precárias condições de funcionamento do curso por conta da falta de professores, o estudantes de Serviço Social da UFSC entraram em greve no dia 10 de agosto. Assembléia realizada na noite de sexta, dia 17, decidiu pela manutenção da paralisação até a próxima quinta-feira, dia 23.
Na terça-feira, os estudantes dos cursos de História e Psicologia também vão parar. No dia seguinte, ocorre uma assembléia com todos os estudantes do CFH. Na pauta, a greve no Centro.
Abaixo, os esclarecimentos por estudantes do Curso de Serviço Social ao Boletim da Apufsc:
Somos estudantes do curso de Serviço Social da UFSC e gostaríamos de esclarecer algumas informações sobre o nosso movimento de paralisação. Desde o dia 10 de agosto (sexta-feira) nenhum estudante entrou em sala de aula no curso de Serviço Social. A adesão dos estudantes foi total, e logo conquistou o apoio também dos professores do Departamento do Curso, motivados pelo fato de termos nove disciplinas sem professor, o que afeta 14 turmas!
O curso de Serviço Social vem sofrendo cronicamente com a falta de professores desde 1999, quando houve ampliação de vagas (duplicação de entradas no vestibular), com abertura do curso noturno, contudo, sem a decorrente ampliação do quadro docente. Para sanar essa situação, desde então, a administração central paliativamente vem recorrendo à contratação de professores substitutos. Legalmente a contratação destes professores está condicionada à aposentadoria, doença, óbito e afastamento para formação. Este profissional é remunerado apenas para as horas dedicadas ao ensino, impossibilitando sua dedicação à pesquisa e extensão – tripé fundamental da universidade. Ainda, possuem contratação temporária de no máximo dois anos. Essas características fragilizam o vínculo de trabalho destes profissionais com a universidade, pois não garantem seus direitos trabalhistas básicos e mesmo, a estabilidade no emprego, portanto, não se trata de questionar a qualidade do professor substituto em si – se é bom ou ruim – mas da precarização da sua condição de trabalho.
No entanto, a UFSC tem se utilizado da contratação destes professores em substituição à abertura de concurso público. Prova disso, é a proibição de novas contratações de professores substitutos pela UFSC, dada irregularidade constatada pelo Tribunal de Contas da União.
Isso rebateu diretamente no curso de Serviço Social – que historicamente sofre com a falta de professores efetivos no seu quadro docente, culminando no primeiro semestre de 2007 no cancelamento de cinco disciplinas obrigatórias do currículo. Neste inicio de semestre letivo (2007/2), nos deparamos com um quadro ainda mais assustador: 14 turmas sem professor!
Dado esse cenário insustentável, os estudantes do curso de serviço social reunidos em assembléia no dia 9 de agosto, deliberaram pela paralisação das atividades acadêmicas, construindo uma pauta de reivindicações e um calendário de lutas para pressionar a administração central a solucionar tal problemática.
É importante destacar, que outros cursos da universidade também compartilham do mesmo problema, inclusive alguns cursos da área de humanas – Geografia, Psicologia, História, Pedagogia, entre outros – também estão com disciplinas descobertas devido a falta de professores.
Assim, os estudantes de Serviço Social reivindicam a abertura imediata de concurso público, entendendo que não é mais possível camuflar a realidade da universidade pública, o descaso com a educação de qualidade e acima de tudo, para garantir o nosso direito à educação.
Naraiana Inês Nora
Jonathan Sebastião Jaumont
Estudantes do Curso de Serviço Social