O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB), professor Carlos Alberto Bezerra Tomaz, pediu afastamento do cargo. Ele formalizou o pedido no sábado, quando o GLOBO revelou que estudantes de Porto Velho (RO) pagavam até R$ 2 mil por mês para cursar disciplinas posteriormente validadas pelos cursos de mestrado e doutorado da universidade, que mantinha parceria informal com um instituto privado de Rondônia.
A UnB é uma universidade federal e, como tal, não pode cobrar por cursos acadêmicos regulares, como é o caso da pós-graduação stricto sensu.
Tomaz continua vinculado à faculdade como professor e seguirá atuando com orientador de mestrandos e doutorandos. Segundo ele, não é certo que o afastamento será definitivo.
Em Rondônia, as disciplinas de mestrado e doutorado eram ministradas por professores da universidade que se deslocavam de Brasília. O curso era oferecido pela Associação Instituto Superior de Ciências da Saúde e Ambiente da Amazônia (Aicsa). Essa entidade cobrava mensalidades dos estudantes e pagava R$ 130 por hora/aula para os docentes da UnB que iam a Porto Velho.
Posteriormente, os alunos do Aicsa participavam da seleção da pós-graduação em Ciências da Saúde da UnB, que é feita mediante a apresentação de projeto de pesquisa. Uma vez selecionados, eles pediam equivalência das disciplinas e eram dispensados de assistir às aulas em Brasília.
A diretora interina da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, Lilian Marly de Paula, assumiu provisoriamente a coordenação. A seleção de candidatos para ingresso neste primeiro semestre foi anulada e a instituição abriu sindicância. Um novo edital de seleção deverá ser lançado nos próximos 45 dias.
A decana (pró-reitora) de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB, Denise Bomtempo, disse que a universidade vai investigar todos os cursos de pós-graduação fora de sede. A medida, segundo ela, tem caráter preventivo.