O Brasil subiu no ranking da ciência. De acordo com a avaliação anual feita pela National Science Indicators (NSI), uma das maiores bases de dados científicos do mundo, o país atingiu o 13 lugar na classificação global em produção científica em 2008, duas acima da colocação obtida em 2007. O resultado coloca o país à frente de nações como Rússia (15) e Holanda (14), mas atrás de outros países emergentes, como China (2) e Índia (10). No topo do ranking, estão os Estados Unidos.
– Esse resultado pode ser atribuído a uma série de fatores, envolvendo a atuação de centros de pesquisas, universidades, o ministério de Ciência e Tecnologia e o ministério da Educação, entre outros – afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad, antes de uma solenidade na Academia Brasileira de Ciências. – Devem ser citadas a expansão da rede de ensino superior e a substituição de professores temporários por efetivos.
Pela avaliação da NSI, o Brasil teve 30.451 artigos publicados em revistas científicas em 2008, contra 19.436 publicações em 2007. O número, porém, ainda é bastante distante daquele produzido nos Estados Unidos (340.638 publicações). A produtividade científica é medida por publicações nas chamadas revistas indexadas, que têm regras de publicação rigorosas e passam pela revisão de especialistas.
Número de patentes ainda é baixo
O retrato da NSI mostra também que o país contribuiu com 2,12% de todos os artigos científicos produzidos por 183 países, 2,9 vezes abaixo da Alemanha (terceira colocada no ranking), 2,6 da Inglaterra (quinta colocada) e 2,1 da França (sexta).
– Para termos atingido esse patamar, deve ser dado crédito também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – disse Haddad. – A expansão das bolsas de estudos e das oportunidades de doutorado também contribuíram para chegarmos a essa posição no ranking da produção científica mundial.
Segundo o ministro, o desafio das autoridades agora é transformar essa evolução em tecnologia.
– Falta atingirmos esse equilíbrio, levar a teoria para a prática.
Esse nó se reflete numa discrepância admitida pelo próprio ministro: o número de patentes depositadas no país, que ainda é bastante baixo. Em 2008, o Brasil respondia por somente 0,06% das patentes registradas nos EUA, contra 0,79% da Coreia do Sul, 1,31% da Itália, 2,96% da França e 22,67% do Japão.
– De fato, o nosso número de patentes é precário – reconheceu o ministro. – Essa questão é, sem dúvida, um problema.
Para resolver isso, o ministro aposta na Lei de Incentivo à Pesquisa para impulsionar a produção tecnológica no país.
– A lei, regulamentada em 2008, é o mecanismo perfeito para fazermos essa tradução de conhecimento científico em produção tecnológica. Já tivemos a aprovação e liberação de R$ 20 milhões para projetos científicos e esperamos chegar a R$ 150 milhões em breve. Temos espaço para avançar nesse sentido.