Para sindicalista, acusação é uma ”grande bobagem”

“Uma grande bobagem”. Assim o professor Gil Vicente Reis de Figueiredo, pesquisador da UFSCar e presidente do Proifes, define a suspeita levantada pelo Andes sobre um possível conflito de interesse no projeto de extensão contratado pelo Ministério do Planejamento.

Na avaliação de Figueiredo, o que incomoda o Andes não é o projeto, mas o fato de perder cada vez mais espaço nas universidades federais. Esse espaço, diz ele, estaria sendo ocupado pelo Proifes, que se organizou em 2004 e não parou de crescer.

“De 2007 para cá, todos os acordos com os Ministérios do Planejamento e da Educação foram assinados pelo Proifes”, afirma. “O Andes sempre se recusou a negociar e sempre quis paralisar as universidades com greves, o que irritou os profissionais dos centros de pesquisa e de estudo. Se existe um conflito de interesses nessa discussão é o conflito do Andes, que não sabe se representa os interesses dos professores ou os interesses do PSTU e do PSOL.”

As negociações conduzidas pelo Proifes têm dado bons resultados, com melhorias na carreira de docente e ganhos salariais efetivos, segundo seu presidente, um militante histórico do PT. Ele cita como exemplo os salários de professores com título de doutor que chegarão a R$ 11 mil em julho de 2010. “Em 2005 estavam em R$ 6 mil. Hoje são maiores que os salários dos doutores da USP, em torno de R$ 9 mil. Essa é uma das explicações para o fato de não terem mais acontecido greves nas federais.”

Figueiredo é formado em engenharia de telecomunicações e PhD em matemática. Antes de ir para a UFSCar, trabalhou na Universidade de Sussex, na Inglaterra, e na USP. Sobre o polêmico projeto, que vai oferecer ao governo um sistema informatizado melhor que o atual sobre o quadro de funcionários e seu custo, diz: “Trabalho num centro de excelência de inovação tecnológica e faço parte do grupo que conduz o projeto. O projeto não é meu, assim como contrato não foi firmado por mim, mas pela universidade.”

SERVIDORES

O Proifes é ligado à CUT, central sindical que, embora nascida no meio operário, sob o manto do PT, tem entre seus principais pilares os sindicatos de servidores públicos. De maneira geral quase todos obtiveram ganhos significativos no governo Lula.

De acordo com números do Ministério da Educação, coletados em 2007, o Brasil tem 334 mil professores universitários. Desses, 218.823 estão na rede privadad+ e 115.865 na rede pública. O que está sendo disputado pelo Andes e o Proifes são 63.202 professores das universidades federais.