Federais que não aderiram ao Enem alegam insegurança

Possibilidade de melhorar a seleção dos calouros (ampliando o número de candidatos) ou insegurança com a nova prova são as explicações das universidades para aderir ou não ao sistema unificado via Enem.

Na UFABC (Universidade Federal do ABC), os 1.700 próximos calouros serão selecionados apenas com o novo exame do Ministério da Educação.

“Nosso último vestibular teve 10 mil inscritos. O Enem deverá ter 4 milhões ou 5 milhões de participantes. Aumentaremos a nossa base de candidatos”, disse o pró-reitor de graduação, Hélio Waldman.

“Além disso, somos uma universidade nova [as aulas começaram em 2006]. Entrando no sistema unificado, ganhamos projeção nacional”, afirmou.

Para Olinda Assmar, reitora da Ufac (federal do Acre), a mudança no Enem ocorreu “muito em cima da hora”.

A instituição decidiu usar o Enem apenas para preencher as vagas remanescentes. “Não pode ser de um dia para o outro. Nosso processo seletivo está mais consolidado e cristalizado. Entrar em outro sistema é entrar no escuro.”

A UFF (Universidade Federal Fluminense) também decidiu manter o vestibular para as suas cerca de 7.000 vagas. O Enem valerá apenas como parte da nota da primeira fase.
Segundo o coordenador do exame da instituição, Néliton Ventura, ainda há algumas dúvidas sobre o novo Enem.

“Como garantir o sigilo e a segurança na reprodução, guarda e distribuição de provas para mais de 4 milhões de alunos? Como uniformizar a correção de milhões de redações, de modo a evitar distorções?”, questiona Ventura.

O presidente do Inep (instituto ligado ao MEC que é responsável pelo Enem), Reynaldo Fernandes, diz que os critérios de correção “serão semelhantes aos que já vêm sendo adotados”.

Sobre a segurança, afirma que haverá observadores nos locais de aplicação da prova.

Incentivos

O Ministério da Educação informou que não há incentivos financeiros específicos para que as instituições troquem o vestibular pelo Enem.

A pasta disse que apenas haverá análise sobre um eventual aumento de recursos destinados a assistência estudantil para as instituições que tenham grande mudança no perfil de seus estudantes.

Um dos objetivos do projeto é que haja mais mobilidade dos alunos no país, pois, com uma inscrição, o candidato concorre a até cinco cursos, de qualquer universidade do país participante do sistema unificado.

Essa mobilidade, porém, pode estabelecer um fosso entre universidades boas e ruins, alerta Eduardo Andrade, professor do Insper (ex-Ibmec-SP). Ou seja, as melhores atrairiam os melhores alunosd+ as demais, os piores.

Por outro lado, ele diz que a economia de recursos que um vestibular único proporciona pode atrair inclusive universidades privadas.