O Banco Central (BC) anunciou na noite de ontem a quinta redução seguida do juro básico da economia. Em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic caiu 0,50 ponto porcentual, para 8,75% ao ano. A decisão renovou o piso histórico do juro no Brasil e fez com que o País passasse da 3ª para a 5ª posição no ranking mundial dos juros.
Para explicar a decisão, o Copom citou, em comunicado, que o novo nível colabora para a convergência da inflação com a meta e ajuda na “recuperação não inflacionária da atividade econômica”. Desde que os cortes começaram, em janeiro, o juro caiu 5 pontos. Agora, analistas preveem Selic estável até, pelo menos, 2010.
No comunicado, o BC afirma que o novo nível é “consistente com um cenário de inflação benigna”. E que a diminuição no ritmo dos cortes – a taxa caiu 1 ponto em junho – levou em conta que as reduções desde janeiro “têm efeitos defasados e cumulativos sobre a economia”.
O corte veio como o mercado esperava. Todas as 62 instituições financeiras ouvidas pelo AE Projeções apostavam em redução de 0,50 ponto. O consenso foi construído com os recentes sinais de recuperação da economia e a leve alta das previsões para a inflação.
Há, ainda, um novo aspecto, anunciado pelo BC no fim de junho: as decisões da política monetária estão demorando mais para gerar reflexos na economia. Se antes a mudança da Selic era sentida na economia em seis meses, agora os efeitos demoram até um ano. Isso ocorre, diz o BC, porque o prazo dos contratos financeiros ficou maior com a estabilidade da economia. Assim, o corte de 5 pontos desde janeiro só será sentido plenamente na economia em 2010.
Recuperação da economia, inflação em ligeira ascensão e a demora do efeito dos cortes passados sustentam a expectativa dos analistas que o BC deve manter os juros estáveis em 8,75% pelos próximos meses.
“É muito pouco provável crer em novas reduções nos próximos meses porque já temos uma situação de recuperação da atividade. Cortar mais o juro aumenta o risco de inflação muito alta no ano que vem”, diz o economista do banco Santander, Maurício Molan, que prevê Selic estável até o fim de 2010.
Essa parada do BC pelos próximos meses é criticada por grande parte da equipe econômica, que cobra juros mais baixos. Mas, ao mesmo tempo, o período é encarado como uma oportunidade para que o governo possa mudar aspectos estruturais da economia que, em tese, podem impedir a continuidade da queda dos juros.
O ponto mais debatido é a remuneração da caderneta de poupança que, por lei, deve pagar juro de 6% ao ano acrescido da Taxa Referencial (TR). Essa rentabilidade pré-estabelecida faz com que as cadernetas sejam um potencial alvo de migração em caso de Selic muito baixa.