Com a recente recuperação do registro sindical, a Andes-SN retoma uma condição que havia perdido em 2003. Em decorrência, a Apufsc volta a contribuir mensalmente com repasses de 20% de sua arrecadação, para fins de manutenção da Andes-SN. Esta contribuição representa uma quantia aproximada de R$ 26.000,00 mensais, que ao ser dividida entre os quase 2600 associados, que hoje contribuem para a Apufsc, resulta em um valor de R$ 10,00 por mês para cada associado, o que até pode ser considerado irrisório por muitos colegas. Mas esta análise é superficial e esconde um outro custo nada irrelevante, que será apresentado a seguir.
Vem circulando, já há algum tempo, nas listas de discussão da UFSC, um gráfico produzido pelo Proifes (veja abaixo), até agora não contestado, no qual é apresentado a evolução do salário recebido por um professor doutor da ativa, que, antes da re-estruturação da carreira, se encontrava na classe de Adjunto IV – um caso típico aqui na UFSC e na maioria das universidades federais brasileiras. Com a criação da nova classe de professor Associado, este professor Adjunto 4 vem obtendo progressões a cada dois anos, dentro da nova classe criada. Este gráfico demonstra, em termos percentuais, o salário real recebido ao longo do tempo, tomando como base o salário de janeiro de 1995. Para fins de construção do gráfico, foi projetada uma inflação de 6% ao ano, a partir de outubro de 2008, época em que o gráfico foi construído.
Como pode ser observado, a exceção dos últimos três reajustes, decorrentes de uma negociação realizada pelo Proifes, em todos os demais reajustes sempre estivemos defasados em relação ao salário de referência, recebido em janeiro de 1995. Esta defasagem foi fruto de negociações mal-sucedidas realizadas pela Andes-SN. Além de não recompor as perdas a cada negociação, fica evidente, também, a baixa freqüência com que estas negociações foram conduzidas. Em 12 anos, tomados a partir de janeiro de 1995, apenas cinco reajustes significativos foram obtidos sob a égide da Andes-SN, contra um reajuste anual (em média), nas negociações recentes do Proifes.
Toda esta incompetência e desleixo da Andes-SN, no trato dos nossos interesses, teve um custo bastante elevado, que silenciosamente recaiu sobre o bolso de todos os professores. Se tivéssemos tido, neste período, um sindicato mais efetivo nas negociações salariais, e mais compromissado com os objetivos que todo sindicato deve ter, muito provavelmente a história seria outra, como bem ficou caracterizado nas últimas negociações realizadas pelo Proifes.
Para se ter uma noção da representatividade das perdas acumuladas nas malfadadas negociações realizadas pela Andes-SN, desde 1995, vamos imaginar que estas perdas (diferença entre o salário de referência e o salário efetivamente recebido) tivessem sido depositadas mensalmente em uma conta-poupança. Se isto fosse feito, teríamos em depósito, na data de hoje, uma quantia equivalente a aproximadamente 52,5 salários de referência. Dito em outras palavras, desde 1995 perdemos a renda de quatro anos de trabalho, pela mais absoluta incompetência da Andes-SN nas negociações com o governo.
Há, ainda, outras formas de se avaliar as perdas em questão. Se mantivéssemos em poupança o montante perdido, teríamos uma renda mensal vitalícia, a partir da data atual, da ordem de 0,263 salários de referência. Este valor representa aproximadamente 23% dos nossos salários atuais. É como se um reajuste de 23%, que nos é devido, deixasse de ser realizado na data de hoje, e nunca mais fosse recuperado. É uma perda que levaremos até o fim dos nossos dias.
Mais significativo, ainda, é o montante total perdido pelos professores da UFSC durante o período em análise. Para se ter noção deste valor, considere que o salário de referência, reajustado pela inflação do período, é, hoje, da ordem de R$ 8.300,00. Se considerarmos que 52,5 salários de referência são devidos em média a cada um dos 2600 professores, então chegaremos à fantástica quantia de R$ 1,19 bilhões, que é o quanto nos custou, somente aqui na UFSC, estes últimos 15 anos de tolerância em relação à Andes-SN.
Esta tragédia em que estamos envolvidos, entretanto, teria dimensões ainda maiores, não fosse a reposição parcial das perdas por meio de gratificação (GED), ocorrida em meados de 1998, e que foi negociada com o governo pela diretoria que esteve à frente da Andes na gestão 1998-2000. Esta gratificação representou, na época, um dos maiores ganhos percentuais na história recente, para a maioria dos professores. Paradoxalmente, a diretoria da época, responsável por esta negociação, foi e continua sendo duramente criticada pela corrente majoritária que hoje controla a Andes-SN.
Foi preciso surgir uma outra entidade, no caminho da Andes-SN, para que este gráfico pudesse ser trazido à luz, e esta avaliação pudesse ser realizada. O tamanho da nossa enorme perda salarial pode ser medido no gráfico, através do cálculo da área compreendida entre a reta horizontal tracejada e a curva de evolução dos salários reais, tudo devidamente reajustado. As causas destas perdas são muitas, e ainda precisam ser discutidas. Mas esta é uma análise que pretendo apresentar numa edição futura deste boletim.