USP decide continuar fora da avaliação do Enade

Após mais de um ano de negociações, a USP decidiu continuar fora do Enade, exame do governo federal que avalia o desempenho dos universitários.

Durante o processo, o Ministério da Educação aceitou alguns pontos reivindicados pela universidade, como o fim do sistema de amostragem para definir os participantes (agora, todos os alunos fazem a prova).

A USP, porém, entendeu que não houve avanços suficientes. Além da universidade, apenas a Unicamp não participa da prova nacional, criada em 2004. As instituições estaduais, que discordam da metodologia da avaliação federal, têm autonomia para definir se aderem ou não.

Segundo nota divulgada ontem, a universidade decidiu seguir fora do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) por entender que o modelo não permite saber se um curso recebeu nota baixa por conta da má qualidade ou de boicote dos estudantes.
Essa é uma das principais reclamações das instituições privadas, que são obrigadas a participar do exame.

Além disso, a USP afirma que o acompanhamento dos cursos deve ser mais amplo e considerar pontos como a responsabilidade social, a comunicação com a sociedade, a infraestrutura das escolas e a eficácia da autoavaliação, entre outros.

Divergências
A universidade diz “que, considerando que a participação em processo de avaliação externa é de suma importância, continua à disposição dos órgãos federais competentes para contribuir para o aprimoramento do processo, de modo a viabilizar sua participação futura”.

Segundo a Folha apurou, o MEC contava com a adesão da USP à prova, uma vez que diversos pontos exigidos pela universidade foram atendidos. Integrantes do ministério entendem que setores da universidade temem ser comparados a cursos de outras instituições.

Além disso, dizem haver contradição na posição da universidade, pois ela participava do Provão, antecessor do Enade, que considerava apenas a nota dos estudantes em uma prova.

O atual sistema leva em conta também a titulação do corpo docente (número de doutores e mestres) e a avaliação dos alunos em relação à infraestrutura dos cursos, que, com o Enade, formam o CPC (Conceito Preliminar de Curso).

Procurado, o Ministério da Educação não se pronunciou oficialmente sobre a decisão.

No ano passado, ao apresentar os resultados do Enade 2008, o ministro da Educação, Fernando Haddad, lamentou a ausência das duas estaduais. “Daria mais solidez ao sistema.” Como não participa do Enade, não há notas nem para as graduações da USP nem para a instituição como um todo.

A reportagem apurou que o peso do Enade cairá de 70% para 60% da nota do curso no CPC. A infraestrutura terá mais importância.