O setor têxtil catarinense espera crescimento de vendas no último trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado. O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Vale do Itajaí e região (Sintex) e membro do Conselho de Administração da Hering, Ulrich Kuhn, estima que um aumento de faturamento de 5% a 10% no último trimestre, podendo ser mais acentuado o incremento no ramo de confecções, pois cama, mesa e banho e fabricantes de tecidos ainda sofrem com a oferta maior no mercado nacional, em razão da retração da demanda internacional e da valorização mais recente do câmbio.
“Mas, de modo geral, as expectativas são boas. O varejo está comprando, espera vendas 10% maiores, e não há mais preocupação tão grande com o emprego”, diz Kuhn. Na sua opinião, o comportamento dos agentes ainda não demonstra uma tendência tão nítida de como será o último trimestre. ” O mercado ainda está duvidoso para se esperar 10% de crescimento porque não se sabe como as pessoas reagirão ao fim da isenção do IPI”, destaca.
Por outro lado, existe o fato de a recessão mundial não ter espalhado e não ter contaminado a confiança do consumidor brasileiro, na avaliação de Kuhn, que acredita que os números de fechamento de outubro poderão dar um parâmetro mais próximo de como, de fato, será o quarto trimestre para o setor têxtil.
O vice-presidente da Teka, Marcello Stewers, diz que os pedidos em carteira já neste início de outubro são mais robustos do que no início do mês de setembro. “Já consigo enxergar um cenário melhor, mas historicamente esse último trimestre também sempre foi o mais forte para o setor”, pondera.
A empresa estima vendas 7% maiores do que no mesmo período do ano passado. O incremento de encomendas ocorre ancorado no mercado nacional porque há dificuldades especialmente com o câmbio para realizar exportações.
O mesmo ocorre com a Buettner. O presidente da empresa, João Henrique Marchewsky, diz que em outubro a carteira de pedidos já está cheia, depois de ter um setembro um “pouco acima do que previa”. Assim como na Teka, a demanda vem principalmente do mercado nacional, porque também há dificuldades de exportação pelo câmbio e pela demanda internacional menor.
O último trimestre, contudo, poderá mesmo assim não ser mais aquecido em vendas do que o mesmo período do ano passado, porque no fim de 2008 a empresa fechou um contrato com uma grande varejista nacional que alavancou as encomendas daquele período. Esse contrato não foi renovado neste ano. A empresa estima queda de 5% no último trimestre.
O aquecimento de vendas no último trimestre não deve mudar muito o quadro do emprego local, que, segundo Kuhn, permaneceu praticamente estável mesmo na crise. “O que pode ocorrer, dependendo da demanda do fim de outubro, é um efeito sobre o aumento da procura pelos serviços das facções (pequenas empresas terceirizadas pelas grandes geralmente para fabricação de parte de um item)”, diz.
No conjunto do setor, o desempenho do têxtil catarinense em todo o ano poderá ficar em 2%, nas estimativas do presidente do Sintex. Isso não quer dizer que as empresas voltarão a esbanjar o ritmo de produção de anos mais fortes, como 2007, quando o uso da capacidade instalada estava entre 85% e 90%. Neste ano, a média do setor deve ficar em 80%. “Ano passado, tivemos queda de 4% nas vendas, então agora, se confirmados os 2% de aumento, estaríamos perto de retomar o patamar onde estávamos”, diz Kuhn.