Baixos salários e formação deficiente. Esta é a realidade de 2.803.761 brasileiros, segundo o estudo “Professores do Brasil: Impasses e desafios”, patrocinado pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (Unesco). De acordo com o levantamento, elaborado pelas professoras Bernardete Angelina Gatti e Elba Siqueira de Sá Barreto, metade ganha menos de R$ 720. No Nordeste, a realidade salarial é pior ainda: 50% do professorado ganham menos de R$ 450, como mostra reportagem de Adauri Antunes Barbosa publicada na edição deste domingo do jornal O Globo.
– Isso dá uma ideia do desvalor salarial do professor – afirma a professora Bernardete, supervisora educacional da Fundação Carlos Chagas.
Pelos dados, coletados na Pnad/IBGE de 2006, constata-se que escolas públicas pagam melhor que particulares. O salário mediano (que evita a distorção da média salarial) para o ensino médio é de R$ 1.300 nas públicas e de R$ 1.000 nas privadas. No ensino fundamental, o mediano é de R$ 745 nas públicas e R$ 525 nas privadas, enquanto no ensino infantil é de R$ 568 (públicas) e R$ 400 (privadas).
Mas a questão salarial, para a pesquisadora, tem solução:
– É uma questão que deve ter uma solução política, e que só poderá vir da melhor articulação entre a União, os estados e os municípios. Sem essa articulação, acho que vamos ter ainda muitos problemas.