Imperialismo tupiniquim

A Andes, em nítida afronta às decisões das AGs de 16 e 17 de setembro e 29 de outubro, busca reorganizar uma SSind na UFSC. Em verdade, não se trata de uma seção sindical, mas de uma base operacional da Andes na UFSC. Coisa mais apropriada a militares e menos a professores. Ela pratica a política como guerra, onde os fins justificam os meios.

Cega ideologicamente, a Andes apenas demonstra que ainda não aprendeu a conviver com a diversidade da nossa categoria. Ao não aceitar a alteridade constitutiva dos docentes universitários, busca negá-la. Ou seja: trata os adversários como inimigos a serem eliminados.

Manter uma SSind na UFSC é ultrajar a democracia praticada legitimamente nas maiores AGs da história do sindicalismo docente. É desprezar o próprio Estatuto da Andes que assegura a autonomia das ADs (art. 44)d+ a desvinculação da seção sindical para as ADs que em Assembléia assim decidirem (art. 70). É violar a regra da Andes de acatar o que nas AGs de base for decidido, como se faz na participação em greves.

É violentar valores básicos da convivência e civilidade, é desrespeitar valores que nunca deveriam ser afrontados, pois são limiares que, se ultrapassados, a sobrevivência de qualquer grupo social fica comprometida. Endossar esta política é balcanizar nossa comunidade da UFSC, é fazer uma política fratricida.

Estar filiado a um sindicato é uma opção pessoal. Outra coisa é uma ação política que rompe as regras primárias da co-existência, apenas para se apresentar na próxima audiência com o Ministério do Trabalho e dissimular que a base lhe pertence. O poder da Andes é originário de cada AD de base. Ao convocar os docentes para reorganizar uma SSind, a Andes, autoritária e verticalmente, ameaça o que uma associação docente democraticamente decidiu.

Não defendemos a unicidade, ainda que ela seja um impedimento constitucional para se criar mais de um sindicato na mesma base. Porém, a questão não é legal, mas política, pois apostar no divisionismo é fatal, enfraquece decisivamente o movimento sindical. Nossa categoria, por mais diversa que seja, constitui uma comunidade unida em torno de interesses institucionais comuns, devendo haver uma defesa homogênea destes interesses, como defendeu o professor Lebre na lista do CCJ/CSE.

Nossas diferenças podem nos colocar em posições opostas, porém podemos coexistir e nos relacionar como adversários, de forma a preservar a preciosa e enriquecedora unitas multiplex (unidade na diversidade) constitutiva da comunidade universitária. Por isto não encaramos a política como mera e belicosa disputa de poder.

O movimento de renovação da Apufsc chegou até aqui não por estar apegado ao poder, pois não disputamos aparelho algum. Foi isto que fez os colegas retornarem à Apufsc. Nossa intenção sempre foi restaurar a força da Apufsc. Nunca desejamos estar no lugar que hoje ocupamos. Nenhum de nós deseja ser sindicalista, pois somos docentes. Isto tudo é uma sobrecarga e um sacrifício. Sempre entendemos o poder como serviço, que o poder emancipa se for poder obdencial, mandar-obedecendo.

Não colocaremos empecilhos para que os andesianos assumam a Apufsc na próxima renovação da Diretoria, caso eles se comprometam em exercer o poder obdencial: mandem, mas obedecendo a vontade da maioria. A Apufsc pertence a todos os sócios, não deve ser objeto de disputa de pequenos grupos.

Enquanto as ADs forem um aparelho cujos recursos são utilizados sem se perguntar aos sócios o que eles querem fazer com suas contribuições, os professores por elas não se interessarão. Porém, sem um sindicato focado nos reais interesses da maioria dos colegas, nossos salários foram caindo, nossos planos de saúde aumentaram, nossas condições de trabalho deixaram a desejar, nossa URP foi para o espaço, e a aposentadoria virou uma decisão que ninguém quer tomar.

Foi nosso compromisso ético em ter uma Apufsc verdadeiramente representativa dos docentes da UFSC, sem tergiversações, que aglutinou a Nova Apufsc, e não um projeto ideológico/político comum. Estamos firmemente unidos – e libertos – em torno deste compromisso com a verdade e com a comunidade da UFSC, e não com diabólicos jogos de poder.

Querem reorganizar a SSind da Andes na UFSC? Trabalhem para ressuscitar a força dos docentes em uma universidade. Participem das assembléias. Sejam ativos no CR, e não procurem destruir os grandes motivos que fizeram nossos colegas não habituados às lides sindicais virem para o CR. Estimulem estes colegas ao esforço coletivo. Convençam os professores de suas teses. Ouçam o que os nossos associados querem da Apufsc.