O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), na UFRJ, é ainda assunto em pauta para os representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A previsão é de que todos os cursos da universidade sejam transferidos para a Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, o que vem preocupando os estudantes. Segundo o pró-reitor de pessoal da UFRJ, Luiz Afonso Mariz, o assunto foi amplamente discutido ao longo do ano passado em todas as unidades da universidade, o que não justifica o temor. O dirigente atribui a polêmica ao comodismo por parte de alguns professores e alunos.
“A comunidade de outras unidades precisa entender a importância para a formação dos estudantes de um tema como o convívio com a comunidade acadêmica. Ou seja, a reunião de vários cursos permite uma troca salutar no meio acadêmico”, afirma o pró-reitor.
Um dos problemas apresentados pelo representante do DCE, Mario Barretto, como uma das preocupações dessas mudanças é o corpo docente insuficiente para atender as demandas sugeridas pelo Reuni. “A prioridade hoje do DCE são os impactos desse decreto de 24 de abril de 2007. O DCE acredita que a expansão de vagas que o governo quer é muito superior à sua capacidade. Na UFRJ isso está acontecendo com a criação de novos cursos com grade curricular menor, de grandes bacharelados que tentam integrar o curso e reduzir a carga horária para aproveitar os docentes e espaços e isso nós achamos problemático”, explica o aluno.
O professor Luiz Afonso foi enfático ao falar das metas para esse plano: “O governo Fernando Henrique e o governo Fernando Collor colocaram aqui 700 professores substitutos. Sabe qual a meta desse novo plano do governo que eles reclamam tanto? É não ter mais substituto nenhum. Esses professores estão sendo substituídos por concurso público, entraram mais de 200 no ano passado, esses alunos não sabem o que falam”, brada o dirigente.
Mario Barreto levantou outras questões. “A ordem do dia é qual o rumo que a universidade segue. Esse ano a UFRJ vai abrir mais 11 cursos novos e para nenhum desses cursos existe estrutura garantida. Uma coisa que ocorreu há algumas semanas atrás é que foi se realizar um concurso para docente e houve uma guerra onde o tema era: quais cursos receberiam tais vagas? E acabou que cursos do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), que necessitam de docentes, acabaram ficando sem vagas porque essas foram transferidas para esses cursos novos que estão sendo criados. Que expansão vamos fazer? Uma expansão além da nossa capacidade ou uma expansão com uma determinada qualidade? Isso causa uma série de efeitos na universidade”, afirma o estudante de Ciências Sociais.
Luiz Afonso garante que não pode haver queda na qualidade quando o crescimento e as contratações são através de concursos públicos. “Como você pode imaginar que esse professor que vai entrar através de concurso público é ruim? É um espírito pré-concebido da pior qualidade, ou seja, você nem fez ainda o concurso público e já está achando que a coisa vai cair? A universidade é o melhor espaço para você conviver com essas divergências e isso tem ligações políticas e outras conotações”.
“O Reuni visa primordialmente modificar índices que são uma vergonha para o país. Para você ter uma idéia, apenas 12% dos nossos jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade. Desses, 3% estão na universidade pública e isso é vergonhoso”, desabafa o pró-reitor da universidade.