Durante manifestação realizada por professores, servidores e estudantes da Universidade de Brasília na última quinta-feira, representantes dos três segmentos, que queriam uma audiência com o presidente da República, foram informados que Luiz Inácio Lula da Silva havia determinado que a URP fosse paga como estabelecera a Justiça.
Diante disso, o presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb), Flávio Botelho, lembrou que “o movimento sindical tem um procedimento para sair da greve. Temos que ter garantias. Nós acreditamos que o governo vai nos dar a segurança que precisamos para sair desta situação”.
Até porque os professores conseguiram uma liminar concedida pela ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenando que o pagamento da URP deveria ser feito a todos os docentes, “sem distinção quanto à época de ingresso”, e a determinação judicial foi ignorada pelo ministro Paulo Bernardo, do Planejamento. O Ministério também desobedeceu outra liminar de mesmo teor, concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, em favor dos servidores técnico-administrativos.
Como desrespeitar ordem judicial pode dar cadeia, mas desobediência ao presidente da República causa, no máximo, renúncia, é bom esperar o dinheiro entrar na conta, já que os salários pagos na semana passada tiveram o valor da URP reduzido para mais de cinco mil servidores, entre técnicos e professores, e cortados para 1.100 funcionários admitidos depois de outubro de 2008.
A informação sobre a ordem de Lula veio na quinta-feira, dia 8, quando Adunb, SINTFUB e DCE promoveram uma grande carreata rumo ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), sede temporária da presidência da República. Motoristas que passavam pelo percurso, buzinavam e faziam gestos de apoio à causa. Bonecos de espuma, dentre eles o “Sinistro Paulo Bernardo”, encenaram a novela “Grevíssima”. Enquanto a manifestação entoava hinos em defesa da manutenção dos salários e pela garantia da educação de qualidade, uma comissão composta por representantes dos três segmentos pedia uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A comissão foi recebida pelos representantes da Casa Civil, Álvaro Baggio e Swedenberger Barbosa, e pelo assessor da Secretaria Geral da Presidência, João Bosco. Na reunião, alunos, professores e funcionários técnico-administrativos foram informados que o presidente Lula ordenou que o pagamento da URP continuasse como vinha sendo feito até então.
A boa notícia enviada pelo presidente Lula não põe fim à greve da Universidade de Brasília. Apesar da ordem para o pagamento integral da URP – sem qualquer tipo de interpretação técnica sobre a liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) – o Comando Unificado de Greve não cogita o fim da paralisação até que as palavras do presidente se transformem em ações efetivas. Novas assembleias na próxima terça-feira, 13 de abril, voltam a debater os rumos do movimento. Um documento assinado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, garantindo o pagamento da URP conforme a liminar do STF é apontado como o possível passo rumo ao fim da greve que já dura 29 dias.
“Vamos debater o tema em assembleia, mas precisamos de alguma garantia palpável”, comentou Cosmo Balbino, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação UnB (Sintfub).