A URP e as ações sobre este caso

Sobre o artigo publicado pelo professor Nildo Ouriques, no último Boletim, há que ressaltar que as vitórias que o sindicato dos professores da UnB tem conseguido não são decorrentes de sua filiação ao Andes. Lá a situação é bem diferente da que vivemos aqui. Em primeiro lugar, lá TODOS os professores e funcionários SEMPRE tiveram a URP, mesmo os contratados em datas posteriores. Segundo: lá esta importância representava DE FATO 26,05% dos salários, enquanto para nós este índice veio decaindo até ficar na faixa de pouco mais de 13%. Os impactos do corte, portanto, são bastante diferentes. Em terceiro lugar, a administração da UnB sempre se posicionou claramente ao lado dos professores e funcionários, ao contrário daqui. Em quarto lugar, lá eles estão em Brasília, nunca é demais lembrar: próximos, muito próximos do poder – a ponto de invadirem o gabinete da presidência da República. Mesmo sem o Andes, ou até talvez principalmente sem o Andes, eles conseguiriam os resultados que têm conseguido.

Quanto a uma pretensa campanha nefasta que a atual diretoria da Apufsc e sua base de apoio (na qual me incluo) fizeram contra ao Andes, não é bem assim: na verdade, a própria ação do Andes se constituiu em uma campanha contra aquela entidade. Explico: suas decisões vinham de cima para baixod+ as bases, às quais ela deveria representar, nunca eram ouvidasd+ eram apenas manipuladas, com resultados absolutamente desastrosos. Veja-se as últimas “greves” na UFSC, onde a Universidade de fato não parou, causando um desgaste terrível entre todos nós e – pior – banalizando e esvaziando esta forma de luta, que só deve ser utilizada como último recurso. Houve um “desacreditamento” desta forma de luta. Ainda neste tópico: a Apufsc não integra o Proifes. Aliás, para mim, Proifes e Andes são farinha do mesmo saco e ambas tendem ao centralismo, embora aparentemente o Proifes tente se apresentar de uma forma diferente, com uma idéia de federação. Há que se ver. De minha parte, sou incrédulo. Certamente teremos que ter alguma forma de organização nacional, que deverá ser exaustivamente discutida. Por enquanto, não vejo dificuldades em, sempre que for conveniente, fazer composição com o Andes ou com o Proifes, resguardando nossa independência.

Sobre as ações que a atual diretoria tem proposto e executado em relação a URP, de fato: ultimamente isto tem se concentrado no campo jurídico, sem um necessário movimento de pressão pública, como é o caso da greve na UnB. Não que não se tenha tentado este tipo de pressão. O que aconteceu é que ela se esvaziou rapidamente, muito em decorrência do desgaste que formas de luta como a greve sofreram pelo abuso e banalização que diretorias anteriores da Apufsc acabaram por criar. A isto se deve somar nossa divisão interna: alguns tinham a URP, outros, não. Qualquer movimento neste contexto, já estaria enfraquecido de saída.

Quanto a aqui na UFSC nunca se ter considerado a extensão da URP para todos, há uma dose de verdade e uma de inverdade. Iniciativas neste sentido existiram – e foram várias. Mas também há uma dose de verdade, pois mesmo tendo existido várias iniciativas, elas nunca foram muito efetivas. Só que isto não vem da atual diretoria da Apufsc. Por exemplo, porque em nenhuma das várias greves promovidas pelas diretorias andesianas, desde que temos a URP em pauta, nunca houve a reivindicação de que ela fosse estendida a todos, professores e funcionários? Nunca. Por que?

Quanto à possibilidade do Reitor de nossa Universidade atuar efetivamente em defesa da URP, me parece que está claro que, nas atuais circunstâncias, ele não fará isto. E o breve relato que já fiz sobre a última reunião que tivemos com ele não diz outra coisa. Nosso Reitor ouve o procurador e todos estão muito prudentes. Sobre se isto possa significar que nosso Reitor seja refém da procuradoria, eu não arriscaria a afirmar. De qualquer forma, ele a escuta e segue sua orientação jurídica. É possível que, se algo mude na conjuntura, nosso Reitor possa encampar esta defesa. Isto é o que ele diz e, até agora não há por que duvidar. Contudo, tal como as coisas estão postas hoje, certamente acredito que não devamos esperar um papel de protagonismo de nosso Reitor, o que não nos impede de conversar com ele.

Quanto ao restante, sobre a Apufsc se manifestar sobre os grandes temas nacionais e internacionais, não custa lembrar que a Apufsc somos todos nós. Basta haver esta vontade entre nós, ou entre alguns de nós. Cabe lastimar também que cerca de 80 professores simpatizantes do Andes tenham se desfiliado da Apufsc, o que diminui a diversidade da Apufsc e isola ainda mais, aqui em nossa Universidade, a visão de mundo que eles compartilham.