Há lógica na decisão da USP de limitar sua expansão. Para compreendê-la é preciso contextualizar o dilema da educação superior no Brasil.
De um lado, é preciso aumentar a oferta de vagas, movimento que está em curso. Na última década, a taxa de escolarização líquida do ensino superior (jovens entre 18 e 24 anos no 3º grau) mais que dobrou, aproximando-se dos 15%. Mas o país ainda está longe de outras nações.
Nesse tipo de comparação, o dado mais usado é a taxa de escolarização bruta, que relaciona o total de matrículas num dado nível de ensino com a população na faixa etária adequada a esse nível.
Nesse conceito, o Brasil tem 30% de escolarização no 3º grau (2007), contra 38,3% da Bolívia, 52,1% do Chile e 81,6% dos EUA, para citar exemplos continentais.
Assim, em termos macroeducacionais, faz sentido adotar programas que ampliam maciçamente a oferta de vagas, como o Prouni e a expansão de certas faculdades públicas. Só que a USP não é uma universidade qualquer, mas a joia da coroa.
Ela e a Unicamp são as únicas do país no ranking das 250 melhores universidades do mundo da “Times Higher Education” -nas modestas 232ª e 248ª posições.
Se quiser manter-se como centro de excelência, a USP deve resistir aos apelos pela democratização e avaliar com cautela novas expansões. A USP Leste está longe de ser um caso de sucesso.
Gostemos ou não, incorporar mais estudantes significa aceitar alunos com pior desempenho, o que resulta em queda de qualidade. O problema é menos a USP e mais a educação básica, incapaz de preparar para o mercado global universitário.