Estrebaria da Fazenda Assis Brasil nos anos 1950, um antigo casarão abriga desde 1968 o Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC, no campus da Trindade, em Florianópolis. Com uma estrutura acanhada ao longo de quatro décadas, o museu está prestes a dar um salto para a contemporaneidade, ganhando um pavilhão de exposições que deve se converter no maior espaço para mostras de antropologia e artes em Santa Catarina.
O espaço começou a ser construído em 2005 e passou por revezes. Duas empresas contratadas inicialmente, não cumpriram o projeto. Uma terceira está finalizando a obra física, com conclusão prevista para este ano. O custo total é de R$ 7 milhões e os recursos são da UFSC e do Ministério da Cultura (MinC). Para concretizar o projeto expositivo está prevista uma última parcela de R$ 2,5 milhões do MinC, mais uma contrapartida da UFSC, no valor de R$ 600 mil.
Mas há um problema. Por conta da restrição orçamentária em todas as esferas federais, está sendo avaliada a forma de pagamento do convênio. Segundo a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic), do MinC, não há uma data prevista para liberação do valor. Conforme Cristina Castellano, diretora da Divisão de Museologia do Museu Universitário, sem esta última parcela, o Museu será somente mais um prédio, sem a alma das exposições:
– A nossa expectativa é que o MinC leve em conta que Santa Catarina necessita de um espaço expositivo para o recebimento de obras de repercussão internacional.
O projeto expográfico prevê multimídia, equipamentos e móveis. Com 2,7 mil metros quadrados, o pavilhão tem dois pisos, dois mezaninos e um terraço. Abrigará mostras de curta e longa duração. O espaço não atenderá somente à natureza antropológica do museu, com exposição do acervo arqueológico, etnográfico e de cultura populard+ mas terá capacidade para receber obras de arte contemporânea ou clássica de grandes dimensões.
Nome em homenagem a professor de Antropologia
O pé-direito do prédio tem uma altura de quatro metros. O terraço, aberto na sua maior parte, abrigará mostras de peças, como esculturas, não suscetíveis à ação do tempo. A intenção é utilizar o espaço também para atividades científicas e culturais. Além dos espaços expositivos, a edificação comportará biblioteca, laboratórios, salas de atividades educativas e culturais, de descanso, de administração e um café.
O pavilhão vai funcionar próximo e articulado com as reservas técnicas, laboratórios e áreas administrativas. A concepção arquitetônica é do Escritório Técnico Administrativo da UFSC. O formato do prédio, semelhante a um bloco de paralelepípedo, é justificado pela opção por uma construção neutra, sem interferência no discurso expositivo interno.
O novo espaço será denominado Professor Sílvio Coelho dos Santos, um dos precursores do ensino da Antropologia no Sul do Brasil, e vai oxigenar o público do museu, que fechou suas portas para visitação em 2004 por falta de estrutura e ambiente adequado para atendimento de visitantes. O acervo está mantido em reserva técnica, com acesso somente para pesquisadores.
Nessas quatro décadas, o museu fez o papel de centro de pesquisas, produzindo e sistematizando informações sobre populações pré-coloniais, indígenas e descendentes de imigrantes europeus. Um engenho de farinha de mandioca e um de açúcar, reproduzindo técnicas de produção colonial, completam a estrutura.