A greve do magistério estadual – que começou com 90% de adesão dos professores – chegou, ontem, ao 41º dia do movimento, com 60% dos docentes sem voltarem para escolas. O levantamento é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte). O governo apostava num retorno dos trabalhadores às escolas nesta semana, mas isto só ocorreu no Norte, Oeste, Meio-Oeste e Serra.
Já em Florianópolis, o quadro não se alterou em comparação à última semana. As escolas Jurema Cavallazzi, no Bairro José Mendes, e Aderbal Ramos, no Bairro Estreito, por exemplo, continuam 100% paradas. No Instituto Estadual de Educação, a situação é a mesma: do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do médio, os alunos continuam sem aulas. Do 1º a 5º ano do fundamental, apenas parte dos professores está dando aula. Dados do Sinte mostram que 75% dos professores continuam em greve.
Os sobrinhos de Luiza Eliza da Silveira passaram mais um dia em casa ontem. Os meninos moram com a tia no Bairro Trindade, na Capital, e cada um estuda numa escola. O mais novo, de cinco anos, frequenta o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, e o mais velho, de nove, o Simão José Hess. As duas escolas estão paradas.
– O mais velho já chegou a chorar pra ir pra aula, porque ele adora estudar. Essa situação está prejudicando as crianças. Fico preocupada que eles percam este ano – ressaltou Luiza.
De acordo com o Sinte regional, a adesão continua sendo de 80% dos docentes e 90% das escolas fechadas.
Volta com poucos alunos
O retorno das aulas na Escola Estadual Lauro Zimmermann, em Guaramirim, Norte do Estado, contou com um movimento baixo de alunos ontem. Conforme a diretoria do estabelecimento, cerca da metade dos 320 estudantes do turno da manhã atendeu o chamado para voltar.
A proposta da direção da unidade com a convocação é recuperar os 26 dias paralisados pelas duas interdições ocorridas nesse ano pela Vigilância Sanitária, devido a problemas na estrutura do prédio. Além disso, o ano letivo corre o risco de ser perdido devido à greve dos professores, que chega a 42 dias.
Na semana passada, o diretor, Ronaldo Guerra, convidou os professores interessados em retornar às salas de aula para recuperar as perdas. A expectativa é que pelo menos 20 dos 32 profissionais estivessem aderido ao convite, porém, no recomeço das atividades, só quatro atenderam.
Quinze professores em greve foram até o colégio para fazer uma reunião. Eles decidiram não retaliar a postura dos colegas que voltaram às classes.
Além dos professores que voltaram, cinco integrantes da diretoria se somaram aos colegas e assumiram a função de ministrar as aulas provisoriamente. Segundo o diretor, 12 turmas foram atendidas pela manhã.
Retorno é gradual no Meio-Oeste
Apenas duas cidades do Meio-Oeste catarinense já retomaram completamente as aulas na rede estadual. Em Jaborá e em Ibicaré, todos os professores voltaram ontem às salas.
Nas 13 cidades que integram a regional de Joaçaba, apenas 10 unidades de educação retomaram completamente as aulas. Em outras 19, os trabalhos são parciais.
É o caso da EEB Governador Celso Ramos, que é a maior de Joaçaba, com cerca de 800 alunos. De um total de 40 professores, 28 estão em greve. Ontem, as atividades continuavam em horários especiais.
Segundo dados da Gerência Regional de Educação (Gered), 20% dos 13 mil alunos da região sendo prejudicados, e 184 professores estariam em greve, de um total de 959 ativos.