Nova reunião foi marcada após encontro realizado ontem entre o sindicato e a Secretaria de EducaçãoO governo deve apresentar uma nova proposta, hoje, aos professores, em uma reunião marcada para o começo da tarde. A decisão foi tomada, ontem, após um encontro entre o secretário-adjunto de Educação, Eduardo Deschamps e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), no Centro Administrativo.
Deschamps irá apresentar ao governador Raimundo Colombo e ao grupo gestor o que foi falado na reunião de ontem, para tentar avançar em alguns pontos.
– Vamos ver se conseguimos resolver este impasse e que as aulas retomem o mais rápido possível. Os deputados querem que o projeto de lei complementar seja encaminhado para a Assembleia Legislativa ainda nesta semana – explicou o secretário.
O Sinte sugeriu que parte da tabela salarial dos docentes seja recomposta até abril de 2012, mantendo os valores percentuais da regência de classe – uma gratificação sobre o salário-base e que foram reduzidos na última alternativa apresentada pelo governo. A expectativa é que, na proposta que deve ser discutida hoje, os valores da regência voltem a ser de 25% e 40% sobre o salário-base.
As negociações foram retomadas depois que os deputados decidiram, na segunda-feira, não aceitar a medida provisória, encaminhada para Assembleia pelo governo na última semana. O presidente da casa, Gelson Merisio, acredita que a greve, que completou hoje 43 dias, termine ainda esta semana. Na tarde de ontem, os docentes fizeram um “panelaço” no Centro de Florianópolis. Eles ficaram concentrados em frente à Catedral Metropolitana e depois caminharam até a Secretaria de Estado da Educação (SED). Vieram professores de cidades como Criciúma, Tubarão, Laguna, Itajaí, Lages, além de Florianópolis e região. Como ontem foi dia de pagamento, o protesto ocorreu com o objetivo de lembrar o desconto feito nos salários pelos dias parados.
– Viemos mostrar que, com esse salário, nossas panelas estão vazias – afirmou a coordenadora do Sinte de Florianópolis, Rosane de Souza.
Cerca de 60 professores, de várias cidades do Estado, deverão ficar acampados em frente ao prédio da SED pelo menos até amanhã. O acampamento é uma maneira de pressionar o governo, para que ele apresente uma nova proposta. Na última semana, docentes da região de Itajaí ficaram acampados em frente à Assembleia Legislativa.
À espera da Justiça
A decisão da Justiça sobre o pedido realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) para os professores não terem desconto dos dias parados devido à greve deve ser anunciado até as 14h de hoje.
Os advogados do sindicato entraram com uma ação na 3a Vara da Fazenda Pública da Capital, na última quarta-feira, pedindo para que não houvesse o abatimento dos salários em razão dos dias paralisados e também pela legalidade da greve.
Neste mesmo dia, o governo retirou da Justiça o pedido de ilegalidade do movimento e afirmou que uma folha suplementar poderia ser rodada, repondo os descontos, caso os professores voltassem às aulas no começo desta semana. Por causa dessas medidas, o juiz Hélio do Valle Pereira adiou o julgamento.
Ontem, no protesto no Centro da Capital, foi sugerido que os professores registrassem um boletim de ocorrência contra o governo, por causa dos descontos pelos dias parados, a exemplo do que fez a professora Luciane Ventura, 39 anos. Para ela, o desconto foi abusivo e ilegal porque a greve é um direito assegurado. Ela recebeu R$ 931,19 no último contracheque. No mês anterior, o salário foi de R$ 1.723.
– Além dos descontos pelos dias parados, ainda tenho que olhar no contracheque e ver que o valor da regência de classe foi reduzido – protestou Luciane, que é professora da rede estadual desde 1995.