O ensino médio “forte” e uma “visão ampla das Américas” estão entre as características que tornam os brasileiros atraentes para a Universidade de Yale. E o fato de o Brasil ter crescido como líder da América do Sul e ser uma potência emergente também torna os brasileiros “mais interessantes”. Foi o que disse nesta segunda-feira Peter Salovey, provost (diretor acadêmico e administrativo, logo abaixo do reitor) da universidade. “Além disso, temos vários professores fazendo pesquisas sobre o Brasil, e é bom quando temos alunos vindos das áreas estudadas pelos nossos pesquisadores”. Em meados deste ano, 32 alunos de graduação de Yale passaram uma temporada no País.
Yale é a segunda universidade mais rica dos Estados Unidos, e tem entre seus ex-alunos três ex-presidentes vivos (Bill Clinton e George Bush pai e filho), além de vários vencedores do Prêmio Nobel e famosos como Meryl Streep e Oliver Stone. Em evento organizado pela Fundação Estudar, Salovey apresentou a vida do aluno de graduação em sua universidade. Há uma média de seis ou sete alunos por professor, e 75% das salas de aula têm menos de 20 alunos. Apesar de oferecer mais de 70 graduações diferentes, mais da metade dos alunos se forma nas seis mais populares (Biologia, Ciência Política, Economia, História, Inglês e Psicologia). Salovey enfatizou que todos os alunos que precisam de ajuda financeira a recebem, e por isso é mais barato para muitos americanos estudar em Yale do que frequentar a universidade pública. Estudar e morar lá custa cerca de 50 mil dólares por ano (mais de R$ 4 mil por mês).
Em entrevista ao Estadão.edu, o provost explicou que candidatos brasileiros não devem se preocupar em parecer com os americanos. “Sabemos que o ensino médio daqui é muito diferente”, disse. “Notas altas são importantes, mas queremos formar os próximos líderes de empresas, governos e ONGs, então queremos que o candidato mostre o papel que oportunidades de liderança tiveram na sua vida, e estamos interessados nas cartas de recomendação dos professores”.
A carioca Carolina Cooper, de 22 anos, formou-se este ano em Yale e foi uma das palestrantes no evento. Para quem quer fazer a graduação no exterior, ela recomenda buscar a orientação de instituições como a Fundação Estudar e a EducationUSA. “Mas eu mesma também recebo e-mails e mensagens no Facebook de gente interessada em estudar fora”, contou. Carolina chegou a Yale pensando em se formar em Economia ou Relações Internacionais. Mas como gostava mais de análise do que de números, decidiu se concentrar em História. A monografia dela é sobre a Anistia brasileira: as bibliotecas de Yale têm muitos livros em português, e, em microfilme, exemplares dos principais jornais daqui.
As ferramentas de pesquisa também foram destacadas pela bióloga Luiza Antunes de Castro, de 27 anos, doutoranda em imunologia na USP. Em 2009, Luiza passou dois meses na Escola de Medicina de Yale, colaborando em estudos sobre influenza e dengue. “No Brasil, se você precisa de um reagente, demora seis meses para conseguir. Lá, chega no mesmo dia ou no dia seguinte”, disse. Ela também contou que o acompanhamento do orientador no laboratório é mais intenso: “ele se senta todos os dias com os alunos em cada bancada e pergunta o que foi feito e quais são as dificuldades”. Antes da viagem, Luiza pensava em fazer um pós-doutorado no Brasil, mas agora considera continuar os estudos no exterior. “A pesquisa é bem mais rápida”, ressalta.
Julia Wu, de 16 anos, está no 2º ano do ensino médio da Escola Graduada, e disse estar muito interessada em Yale. “A gente tem que ter a mente aberta, curiosidade”, disse. Julia pretende candidatar-se a universidades principalmente dos Estados Unidos, como Yale, Harvard e Princeton. Para sua colega Mariana Lepecki, um ano mais nova e no 1º ano do ensino médio, “não é cedo para pensar no nosso futuro”. Mariana quer estudar bioengenharia e disse gostar de Yale, Duke e Stanford: “As universidades americanas ensinam não só a resposta, mas como chegar à resposta”.