Os números se mantiveram praticamente estáveis em relação ao ano passado, mas as universidades estaduais paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp) registraram em 2012 uma inclusão de alunos de escolas públicas maior do que a alcançada pela Universidade de São Paulo (USP). A Unicamp registrou uma proporção de 32%, contra 28% da USP. O melhor resultado foi o da Unesp, que tem 41% dos matriculados oriundos da rede pública – é a maior proporção já alcançada.
A principal explicação do sucesso da Unesp na inclusão de alunos com esse perfil é um dos objetivos mais buscados nas outras estaduais: a maior participação da rede pública no vestibular. Entre os 91.884 inscritos no último processo, 44,8% eram de escolas públicas – sendo que 42,5% estudaram na rede pública em toda sua história escolar.
Em 2012, foram aprovados na Unesp 2.499 estudantes que estudaram toda educação básica na rede pública. Outros 205 aprovados cursaram só o ensino médio, totalizando 2.704 (41%). Em 2011, foram matriculados 2.545 egressos de escola pública (39% do total). O avanço no porcentual entre 2011 e 2012 foi de 5%, menor do que no período anterior, que foi de 11%.
Segundo a pró-reitora de Graduação da Unesp, Sheila Zambello de Pinho, o mais importante é manter uma relação compatível da porcentagem entre candidatos e ingressantes, “o que já vem ocorrendo nos últimos anos”.
Uma das ações da Unesp é a manutenção do curso pré-vestibular em convênio com o governo do Estado. O curso tem cerca de 4,5 mil estudantes de alunos da rede pública por ano, com índices de aprovação em instituições públicas que supera 70%. Sheila ainda defende que o modelo da prova do vestibular favorece a inclusão. “Em 2010 houve alteração do modelo que passou a ter duas fases com provas mais voltadas para avaliar habilidades do que meramente conteúdos. Essa ação contribuiu para facilitar o processo de inclusão de alunos da rede pública.”
Igual. Segundo o diretor do cursinho popular Henfil, Matheus Prado, o tipo de prova explica parte dos motivos. “A Unesp está no interior, onde a rede pública é melhor e as relações mais próximas entre alunos e professor ajudam.” Prado ainda pondera sobre a inclusão. “A proporção de alunos de escola pública nos cursos de ponta, como Medicina, é praticamente igual na USP e na Unicamp.”
Em 2012, a Unicamp matriculou 1.099 alunos da escola pública – quase todos contaram com a política de bônus da universidade. O bônus varia entre 5% a 7% na nota. A manutenção da relação entre inscritos e matriculados é a maior preocupação da instituição. Entre os 56.865 inscritos, 28,2% são de escolas públicas. “Nossa maior preocupação é manter a equidade e atender as demandas. Acho que temos atendido”, afirma o coordenador do vestibular, Maurício Kleinke.
Inscrições. As três estaduais de São Paulo, além de Unifesp e PUC (São Paulo e Campinas), divulgaram ontem o calendário unificado (mais informações nesta página). As datas foram definidas para permitir que os candidatos possam participar de todos os processos.