O governo terá de contratar 1.618 professores para atender a ampliação das vagas de medicina nas universidades federais, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O plano de expansão, anunciado nesta terça-feira, 5, prevê a criação de 2415 novas vagas para formação de médicos, das quais 1.615 serão em instituições federais. De acordo com Mercadante, um processo de seleção para formar parte da equipe deverá ser feito já este ano.
“Estimamos que 30% das novas vagas previstas para o setor público serão abertas já no segundo semestre”, disse o ministro. A pasta deverá gastar R$ 399 milhões para criação das novas vagas e outros R$ 142 milhões anuais para manutenção dos novos cursos. O plano prevê que 400 das 800 novas vagas em instituições particulares serão criadas ainda este ano. Mercadante afirmou que, além das 2.415 novas vagas anunciadas, outras poderão surgir. Ele conta com expansão em universidades estaduais e outras instituições particulares. O aumento de médicos no País é uma encomenda feita pela presidente Dilma Rousseff a Mercadante e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Ambos trabalham em fórmulas para tentar mudar a relação de oferta de profissionais para população, atualmente de 1,8 para cada mil habitantes. O projeto do governo é que essa relação passe para 2,5. “Vamos concentrar esforços, mas dificilmente atingiremos esta marca até 2020”, disse Mercadante.
Das vagas federais, 355 serão obtidas pela expansão de cursos que já existem. Outras 1.260 serão criadas – mais da metade, 640, no Nordeste. Sudeste e Centro-Oeste terão, cada um, 220 novas vagas disponíveis em cursos novos. Instituições de Ensino privado ficarão responsáveis pela abertura de 800 vagas. Minas e São Paulo concentrarão mais de metade dos novos postos : 240 e 220, respectivamente. Pernambuco terá outras 120 em Pernambuco, Bahia 100. Paraíba e Paraná terão 60 vagas novas em instituições privadas. “O fator preponderante não é onde o aluno faz a faculdade, mas onde ele faz o curso de residência”, justificou o ministro.
O anúncio foi feito sob protestos do Conselho Federal de Medicina, que garante não ser necessária a ampliação de vagas. “É um equívoco. Isso não vai resolver o problema da falta de assistência no Sistema Único de Saúde”, disse o presidente do colegiado, Roberto D”Avila. Para ele, a medida pretende apenas dar visibilidade política ao governo. “O problema de qualidade vai continuar. E isso vale também para universidades federais. Ser pública não é sinônimo de garantia.” D”Avila argumenta ainda que a relação de médicos por população também não indica assistência de qualidade. “Basta ver o Distrito Federal, com a maior relação do País: 3,7 por mil habitantes. A saúde na região está bem longe de ser modelo.”
Mercadante afirmou que parte das instituições ainda não apresentam todas as condições necessárias para garantir curso. “Não estamos com pressa. Queremos fazer bem feito”, disse. Entre os quesitos necessários está a existência de pelo menos 5 leitos SUS para cada vaga de medicina que será criada. Esse quesito, de acordo com o ministro, já está satisfeito. “Nossa expectativa é de que até 2013 todas as condições estejam asseguradas para funcionamento de todas as novas vagas.”