Membros do Sintufsc impedem a entrada de carros no campus

Alunos encontraram servidores para garantir livre acesso à Universidade

Cerca de 80 estudantes da UFSC se juntaram no início da tarde da quinta-feira, 7 de julho, para reagir à atitude tomada pelos servidores da Universidade ligados ao Sindicato dos Trabalhadores (Sintufsc): o bloqueio da entrada de automóveis nas vias do campus Trindade com cones e correntes. Os alunos, que não elegeram um líder, seguiam em direção à rótula da Carvoeira quando foram parados pelo professor Marcelo de Carvalho, do Departamento de Matemática. Carvalho deixou claro o apoio ao movimento, reforçou a não liderança e orientou: “Exigimos a abertura. Respeitamos a greve dos servidores, mas não vamos admitir que cerceiem nossos direitos. Não vamos atuar com violência. Se [o encontro] ficar violento, não é culpa nossa”.

Sob gritos de “Uh, é CTC!”, numa referência ao Centro Tecnológico da UFSC, e “Desocupem já!”, o grupo andou pelo estacionamento em frente ao Colégio de Aplicação até chegar à rótula, onde encontrou membros e simpatizantes do Sintufsc de braços dados, defendendo a barreira que impedia o acesso dos carros.  O coordenador do Sindicato, Celso Ramos Martins, explicou ao grupo as razões do movimento: “Estamos fazendo a defesa da universidade. As pessoas não se envolvem na defesa. Vocês sabem o que está acontecendo com o HU [Hospital Universitário da UFSC]?” e esclareceu: “Não somos inimigos, temos que estar do mesmo lado, defendendo a sociedade”. A fala do sindicalista foi retrucada pelos estudantes, que não concordavam com a maneira encontrada pelo Sindicato para fazer o protesto: “Isso é ilegal, meu amigo. É contra a lei”. Os alunos se referiam ao inciso da Constituição vigente que diz que “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.

Após uma competição de canto entre os grupos com os coros “Abre! Abre! Abre!”, “Não! Não Não!” e “É pra unir, é pra lutar, pra não deixar privatizar”, e algumas frases soltas como “Vocês não podem entrar com o carro. É isso que vocês têm para falar?”, a tentativa de acordo terminou com a resistência dos sindicalistas e o recuo dos estudantes.

Bloqueio

As correntes colocadas nos acessos pelos bairros da Trindade, Pantanal e Carvoeira foram uma decisão tomada pelo Sintufsc em uma reunião do comando no prédio da Reitoria, na véspera da ação. Os servidores montaram o bloqueio às 4h com o intuito de surpreender a comunidade universitária, que lotou as ruas e estacionamentos da região em busca de vagas para deixar os veículos. A passagem foi liberada às 18h do mesmo dia.

“Nosso objetivo é chamar a atenção da comunidade e da administração da Universidade. Estamos sem reajuste salarial há três anos e o HU pode ser privatizado”, disse Martins, em entrevista após a discussão com os estudantes, destacando os principais fatores que levaram os servidores à greve no dia 11 de junho. Com a ação, o coordenador espera uma atitude do governo que, depois de 52 reuniões, não atendeu às demandas da categoria.

Reitoria

De acordo com o Chefe do Gabinete da Reitora, Carlos Antônio Oliveira Vieira, a Reitoria compreende que o bloqueio à entrada de veículos é uma estratégia política do movimento e que já estava na agenda. “Apesar de não sermos favoráveis, respeitamos o direito à greve. Chamar a polícia criaria um atrito muito grande e não asseguraria a integridade física das pessoas”, explicou. Sobre a ilegalidade do ato, disse que esse julgamento entra no campo dos juristas e que, em caso de dano pessoal ou de patrimônio, a Reitoria tomará atitudes enérgicas.