O Palácio do Planalto resolveu jogar duro com os 350 mil servidores públicos em greve. Cortou o ponto deles do dia 18 ao dia 30. Numa reunião ontem com representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos sindicatos dos funcionários públicos, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse que o governo poderá recuar do corte do ponto se eles suspenderem a greve por 15 dias.
A reunião foi tensa, contou o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep), Oton Neves. Carvalho lembrou que o ponto estava sendo cortado e que servidores poderiam ser demitidos.
— Nós falamos que isso faz parte do passado — disse o sindicalista.
Segundo ele, não se pode mais aceitar que pessoas Equotd+sejam escravizadasEquotd+ no tempo atual. Eles apelaram então para que o governo recuasse.
— Ele (Gilberto Carvalho) fez uma proposta que a gente acha, a princípio, inaceitável também: a gente dá uma trégua de 15 dias para o governo, o governo repõe os salários que foram descontados, que a gente vai deixar de receber no inicio do mês. Evidente que a gente vai discutir tudo isso com as nossas bases, mas, a princípio, acho difícil essa proposta face ao exíguo tempo que tem para fechar o Orçamento, que é dia 31 de agosto — disse Oton.
De acordo com os sindicalistas, a trégua serviria inicialmente para refazer a folha de pagamento.
— O governo não garante qual seria o reajuste, nem para quem exatamente — afirmou o secretário-geral.
Segundo o Estado apurou, o Planalto acredita que a greve é precipitada e que tem o direito e o dever de cortar os dias parados.
A presidente Dilma Rousseff já foi confrontada diretamente com a insatisfação de servidores, que lhe causaram constrangimentos em dois eventos públicos.