Enquanto dificulta reajuste para servidores de carreira, governo Dilma já concedeu até 149% de aumento para indicados políticos

O anúncio de um reajuste de 25%, feito essa semana para funcionários que ocupam cargos comissionados, é mais um indício de que a crise econômica usada para negar reajuste aos servidores de carreira é apenas uma desculpa do governo. Desde o início de seu mandato, a presidenta Dilma Rousseff já concedeu a indicados políticos até 149% de reajuste. Este foi o aumento concedido aos ministros de Estado em fevereiro de 2011. No mesmo período, o salário da presidenta sofreu aumento de 143%, enquanto deputados e senadores tiveram 61% de reajuste em seus salários. À época, o governo também anunciou aumentos para os cargos de direção e assessoramento superior, chamados DAS. A Condsef não questiona o mérito dos reajustes, e sim o fato de não haver coerência no discurso promovido pelo governo quando o assunto são os servidores concursados de carreira.

Para a Condsef, as decisões do governo neste campo comprovam cada vez mais que a prioridade não está em resolver verdadeiramente os graves problemas que o setor público acumula. Investimentos adequados na area são fundamentais para assegurar atendimento de qualidade à população. Enquanto usa aqueles que amargam os menores salários como exemplo do “rigor” fiscal, negando atendimento de demandas urgentes e tolhendo o direito à greve com medidas extremas como o corte integral de ponto, o governo não para de conceder benesses a indicados políticos e, principalmente, ao setor privado que em menos de dois anos já acumulou mais de R$300 bilhões em incentivos.

A maioria dos servidores, essencialmente os responsáveis por atender diretamente a população, não compreende e não aceita que haja orçamento para reajustar salários de parlamentares, ministros, e cargos com DAS, e aqueles que estão à frente do atendimento público continuem preteridos e sofrendo com remunerações defasadas e péssimas condições de trabalho. Tal política de governo, que prioriza minorias em detrimento de ações necessárias para melhorar o atendimento público, alimenta cada vez mais a necessidade de se ampliar a mobilização e a luta dos servidores de carreira.

Enquanto, com ações isoladas, o governo faz cair por terra a falácia da crise econômica, os servidores federais devem continuar preparados para defender seus direitos. Se lutando já é difícil obter avanços significativos nos processos de negociação, sem luta não há a menor chance de garantir melhores condições de trabalho e serviços decentes para a população.  É o que a Condsef e suas filiadas vão continuar fazendo: trabalhando e lutando em defesa dos servidores de sua base.