Anunciado em dezembro do ano passado, o Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista) levanta dúvidas em meio a especialistas. A maioria entre os ouvidos pela sãopaulo, embora seja a favor de cotas, é contra o programa.
As aulas semipresenciais são um dos principais problemas apontados. Para César Augusto Minto, professor na Faculdade de Educação da USP, na prática os alunos não têm contato com os pares e com o professor.
Equotd+Não é possível recepcionar alunos de 17 anos num curso à distância, não é bom para a formação inicialEquotd+, avalia Nélio Bizzo, titular de metodologia do ensino também na Faculdade de Educação da USP.
De acordo com Sérgio Custódio, do Movimento dos Sem-Universidade, e com o advogado Silvio Luiz de Almeida, ligado à Frente Estadual Pró-Cotas, o programa é segregacionista. Equotd+Você separa negros e brancos, alunos da escola pública de alunos da escola particular. É uma forma de afastar minorias da universidadeEquotd+, diz o advogado.
Naomar de Almeida, pesquisador A-1 do CNPq e coordenador da Comissão de implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia, concorda que ter vagas para alunos de escola pública, negros e índios é restringir o sistema a um escopo muito limitado.
Ele é, entretanto, a favor da proposta, pois considera que a formação no regime de ciclos é um sistema mais avançado e forma um aluno mais crítico e maduro. Equotd+Pode ser um começo, uma brecha a ser alargada. Aí caberá aos movimentos sociais batalhar e pressionar para ampliar a oferta.Equotd+
Priscila Cruz, diretora da ONG Todos Pela Educação, também é favorável ao modelo, pois ele garantiria um preparo melhor para os alunos que vêm de um contexto desfavorecido. Equotd+Não adianta garantir o ingresso e não dar suporte ao aluno. O sistema paulista de cotas é positivo porque pensa tanto em equidade quanto em excelênciaEquotd+, afirma.
Denise Carreira, coordenadora de educação da ONG Ação Educativa, vê maneiras melhores de suplementar o ensino, como criar grupos de tutores que acompanhem os alunos. Segundo Denise, o curso pode se tornar mais uma barreira ao ingresso dos cotistas na universidade.
Ambos os lados concordam em um ponto: o governo estadual precisa esclarecer melhor o projeto e promover uma discussão pública. Para Priscila Cruz, a política é atraente, mas precisa ser pensada com cuidado para que não seja prejudicial quando aplicada.
Silvio Luiz de Almeida diz que o governo passou por cima de todos os debates, inclusive da discussão sobre política de cotas que já existia no Conselho Universitário da USP. Equotd+Acho um desrespeito que ainda não tenha se dado a público uma proposta concreta, pra discutir com tempoEquotd+, afirma o professor César Augusto.