A SBPC, o Observatório do Conhecimento, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), a Associação Brasileira de Ciência Política (ABC) e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) estão entre as entidades que se manifestaram
Entidades ligadas à educação no Brasil se manifestaram em defesa das ciências humanas após Bolsonaro declarar planos para corte de verbas na área, com foco nos cursos de filosofia e sociologia. A Apufsc Sindical também se manifesta em favor das ciências humanas e sociais, colocando-se ao lado das associações que lutam pela valorização de todas as áreas do conhecimento.
A intenção anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro é transferir o dinheiro para “áreas que geram retorno imediato”, como veterinária, engenharia e medicina. De acordo com especialistas em educação, a iniciativa do governo é um erro, pois são as ciências humanas que estruturam o desenvolvimento de um país, formulando estratégias de crescimento econômico e atenção à população.
Para a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a contribuição das ciências humanas e sociais é imprescindível para a produção de pesquisas, as quais dão suporte às políticas e aos serviços públicos, e na formação de recursos humanos necessários à operação desses serviços.
Segundo a SBPC, as carreiras nas áreas tecnológicas não dependem apenas de conhecimento técnico, mas requerem um entendimento do contexto econômico e social que as ciências humanas e sociais podem prover. A integração entre as diferentes áreas de conhecimento é mais produtiva socialmente do que a separação entre elas ou a exclusão de alguma.
“As Ciências Humanas e Sociais não são ideologias, mas trabalham com metodologias científicas, que incluem o levantamento cuidadoso de dados com o uso de questionários, entrevistas, análise de documentos e observações no campo de estudo, e suas conclusões estão baseadas em evidências”, afirma a SBPC em nota.
Em entrevista ao Estado, o ministro da educação, Abraham Weintraub fez críticas ao investimento em áreas de humanas, dizendo que o filho de um agricultor deve estudar áreas como Veterinária e Medicina, em vez de Antropologia. “Precisamos escolher melhor nossas prioridades porque nossos recursos são escassos. Não sou contra estudar filosofia, gosto de estudar filosofia. Mas imagina uma família de agricultores que o filho entrou na faculdade e, quatro anos depois, volta com título de antropólogo?”
Associações brasileiras ligadas às ciências sociais também se manifestaram, afirmando que a declaração de Bolsonaro demonstra o mais completo desconhecimento sobre ciência e produção do conhecimento cientifico.
“A reflexão das ciências humanas e sociais, incluída a filosofia, tem sido tão crucial para a formulação e avaliação de políticas públicas como para o desenvolvimento crítico das demais ciências. É inaceitável, portanto, que essas disciplinas sejam consideradas um luxo, passível de corte em tempos de crise econômica como a que vivemos atualmente no país ou de rebaixamento por motivação político-ideológica”, afirma a nota assinada pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), Associação Brasileira de Ciência Política (ABC) e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS).
A Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais e o Observatório do Conhecimento também se manifestaram. “Não há nação desenvolvida no mundo que não possua forte investimento em campos de estudo como os da Filosofia e Sociologia”. Segundo a organização, ao atacar as humanidades e o pensamento estratégico, Bolsonaro acaba por “nos condenar à miséria, econômica e intelectual, nos relegar à escuridão da ignorância”.
Para justificar a decisão, Bolsonaro declarou em seu perfil no Twitter que “a função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta.
Leia mais em: Jornal da Ciência, Poder 360, Estadão
M.B./L.L.